Ratinho Júnior avalia renúncia em abril e entra no radar de 2026
Movimento antecipado busca preservar elegibilidade e reorganiza disputa no Paraná e no cenário nacional
247 - O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), deve deixar o cargo no início de abril para manter a elegibilidade e se posicionar na corrida presidencial de 2026. A possível renúncia, articulada nos bastidores, tem impacto direto tanto no xadrez nacional quanto na sucessão do Palácio Iguaçu, que permanece indefinida e travada por disputas internas no grupo governista.
A informação foi divulgada pelo Blog do Esmael, que ouviu lideranças políticas e operadores eleitorais. Segundo a publicação, a legislação eleitoral impõe prazo objetivo para ocupantes de cargos executivos que pretendem disputar outro posto majoritário, o que explica o calendário apertado e a decisão estratégica de abril como linha de corte.
A indefinição sobre a sucessão no Paraná está diretamente ligada ao movimento nacional de Ratinho Júnior. No entorno do governador, três nomes disputam espaço sem hierarquia consolidada. O secretário das Cidades, Guto Silva (PSD), é apontado como preferência pessoal do governador, mas enfrenta resistência interna e oposição aberta liderada pelo deputado Arilson Chiorato (PT), que promete endurecer o embate político em 2026.
Outro nome no tabuleiro é o secretário do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca (PSD), que aposta no peso eleitoral de Curitiba e no histórico administrativo, embora mantenha relação ambígua com o Palácio Iguaçu e rejeite tutela política. Greca também é sondado pelo PP para uma eventual candidatura pela União Progressista, caso o senador Sergio Moro seja afastado da federação.
Completa o trio o deputado Alexandre Curi (PSD), presidente da Assembleia Legislativa, que sustenta base própria no interior e no Legislativo. Em conversas reservadas, deixou claro que não aceitará imposições. Greca e Curi, inclusive, teriam firmado um entendimento informal para lançar candidaturas independentes caso sejam preteridos, cenário que pode fragmentar o campo governista já no primeiro turno.
No plano estadual, o principal adversário segue sendo Sergio Moro (União). Apesar de liderar pesquisas de intenção de voto, o ex-juiz enfrenta um racha na federação União Progressista. O PP mantém veto interno e, nos bastidores, cresce a avaliação de que Moro precisaria migrar para uma legenda menor para viabilizar a candidatura, o que reduziria tempo de TV, recursos e alianças.
No cenário nacional, a movimentação de Ratinho Júnior ganhou fôlego com o enfraquecimento do chamado “Projeto T”. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recuou após a entrada de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como aposta da direita para enfrentar a tentativa de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Flávio condicionou eventual desistência à anistia do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos por tentativa de golpe de Estado, hipótese considerada remota antes de abril.
Nesse vácuo, Ratinho Júnior passou a ser visto como alternativa “moderada” por setores do mercado político. “Ele é menos imprevisível para a esquerda e, por isso mesmo, mais fácil de ser enfrentado nas urnas”, avaliam analistas de campanha ouvidos pelo blog.
Caso a candidatura ao Planalto não se consolide, Ratinho Júnior mantém aberta a possibilidade de disputar o Senado. Nos bastidores, esse plano alternativo circula há meses. Durante visita a Londrina em abril deste ano, Jair Bolsonaro teria mencionado um acordo reservado prevendo uma composição para o Senado do Paraná, com o deputado Felipe Barros (PL) e o próprio governador ocupando as duas vagas.
O desenho ainda depende de múltiplas variáveis, mas o relógio eleitoral avança. Abril é o prazo decisivo. E, segundo as articulações relatadas, Ratinho Júnior não pretende ficar fora do jogo.


