Tony Garcia: Moro foi pego com "batom na cueca" e confessou seus crimes
Ex-deputado afirma que ex-juiz montou esquema ilegal de escutas e acusa Lava Jato de arapongagem contra autoridades com foro
247 - O ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia voltou a fazer duras acusações públicas contra o ex-juiz federal Sérgio Moro, hoje senador pelo União Brasil. Em publicação nas redes sociais, Garcia sustenta que Moro teria confessado crimes ao admitir a realização de gravações ilegais contra autoridades com prerrogativa de foro, classificando o episódio como prova de um esquema estruturado de espionagem e chantagem instalado na antiga 13ª Vara Federal de Curitiba.
Segundo Tony Garcia, a reação de Moro ao ser confrontado com as denúncias revela não apenas a prática de ilegalidades, mas também o uso político e pessoal do material obtido de forma clandestina. As declarações do ex-deputado ganham novo peso em meio à investigação que apura a apreensão de documentos, mídias e relatórios de inteligência pela Polícia Federal.
O material recolhido indica a existência de escutas telefônicas e ambientais contra autoridades com foro privilegiado, realizadas sem autorização dos tribunais superiores.
Na publicação, Tony Garcia faz acusações diretas e utiliza linguagem contundente ao se referir a Sérgio Moro. As declarações são reproduzidas a seguir, na íntegra, conforme divulgadas pelo próprio ex-deputado:
“CONFESSA CRIME E SE DESTEMPERA AO SER PEGO COM ‘BATON NA CUECA’
Esse indivíduo além de corrupto, ladrão e criminoso, é muito burro. Ele afirma que MANDOU GRAVAR uma autoridade com prerrogativa de foro, não explica o porquê e ainda por cima diz que não ‘serviu para nada.’”
Em seguida, Tony Garcia afirma que as gravações teriam sido usadas como instrumento de pressão e benefício pessoal, e não descartadas, como alegado por Moro:
“Serviu sim, serviu para chantagear autoridades que, mesmo confessando crimes, não os denunciou como manda a lei. Prevaricou e usou as gravações para alpinismo funcional, social e enriquecimento ilícito.”
O ex-deputado também aponta a existência de uma estrutura organizada dentro da Vara Federal de Curitiba, envolvendo membros do Ministério Público Federal:
“Moro montou na vara de Curitiba uma fábrica de arapongagem de autoridades junto com os procuradores do MPF/PR DELTAN DALLAGNOL, JANUÁRIO PALUDO E CARLOS FERNANDO DOS SANTOS LIMA.”
Tony Garcia sustenta ainda que o conteúdo apreendido pela Polícia Federal tende a agravar a situação dos envolvidos:
“Quando tudo que a Polícia Federal apreendeu na vara da Lava Jato vier à tona, será somente questão de tempo para que toda a República de Curitiba seja trancafiada.”
O contexto das declarações está diretamente ligado às investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal encontrou documentos e mídias que indicam a realização de escutas contra autoridades como o então presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig, e desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), todos com foro privilegiado. Essas gravações, segundo os relatórios, ocorreram sem autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como exige a legislação.
Tony Garcia foi o primeiro a levar as denúncias ao STF. Ele firmou acordo de delação premiada com Sergio Moro há cerca de 21 anos e afirma ter realizado gravações telefônicas e ambientais por ordem direta do então juiz, inclusive com câmeras ocultas em seu escritório. Parte significativa desse material, de acordo com a investigação, nunca foi anexada aos autos e permaneceu guardada nas dependências da Vara Federal.
A ordem de busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba foi expedida pelo ministro Dias Toffoli, após reiteradas solicitações do STF por documentos que não haviam sido encaminhados à Corte, mesmo depois da saída de Moro da magistratura. O procedimento segue sob sigilo.
Procurado, Sergio Moro declarou, por meio de sua assessoria, que as acusações se baseiam em “relatos fantasiosos do criminoso condenado Tony Garcia” e afirmou que, por não ter acesso aos autos atuais do inquérito, não poderia comentar o material apreendido.



