Tornozeleira de Silvinei Vasques é achada em rodoviária no Paraguai
Dispositivo foi localizado por policiais paraguaios e reforça indícios da fuga do ex-diretor da PRF condenado pelo STF
247 - A tornozeleira eletrônica usada por Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi encontrada em uma rodoviária na cidade de Ciudad del Este, no Paraguai. O equipamento foi localizado por policiais da 3ª Delegacia do bairro Obrero, que acionaram o Comando Tripartite para investigar as circunstâncias do caso e dar início aos procedimentos legais, relata o G1.
O dispositivo, homologado pela Anatel e registrado em nome de uma empresa brasileira de tecnologia, foi encaminhado às autoridades competentes para análise técnica e jurídica.
Silvinei Vasques foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 24 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Segundo a decisão da Corte, ele integrou o chamado “núcleo 2” da organização criminosa e atuou diretamente para monitorar autoridades e dificultar o exercício do voto, especialmente de eleitores do Nordeste, durante o segundo turno das eleições presidenciais.
Ao tentar deixar o Brasil, o ex-diretor da PRF rompeu a tornozeleira eletrônica e seguiu para o Paraguai. Ele foi detido no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, quando tentava embarcar para El Salvador utilizando documentos falsos. Na ocasião, apresentou-se às autoridades com a identidade de “Julio Eduardo” e chegou a entregar uma declaração alegando que tinha câncer na cabeça e que, por isso, não conseguia falar.
O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, explicou que a fraude foi identificada após a checagem dos dados biométricos. Segundo ele, durante o comparativo de fotos, numeração e impressões digitais, confirmou-se que Silvinei não era a mesma pessoa apresentada no documento. Ainda de acordo com Kronawetter, durante a abordagem, o brasileiro acabou admitindo que os documentos não lhe pertenciam.
Diante da tentativa de fuga e da violação das medidas cautelares, o ministro do STF Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Silvinei Vasques.
A Polícia Federal informou que a fuga teve início ainda na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal, antes mesmo de a tornozeleira eletrônica apresentar falhas de funcionamento.
As últimas imagens do ex-diretor da PRF mostram que ele deixou o condomínio onde morava, em São José (SC), por volta das 19h22 daquele dia. Pouco antes, Silvinei foi visto carregando um veículo alugado com sacolas, ração e tapetes higiênicos para animais domésticos, além de embarcar com um cachorro da raça pitbull. Após esse momento, ele não voltou a ser localizado no endereço.
Equipes da Polícia Penal de Santa Catarina e da Polícia Federal estiveram no local nas horas seguintes, mas não encontraram Silvinei. Em relatório enviado ao STF, a PF afirmou que ainda não era possível “precisar os motivos da violação da tornozeleira eletrônica” nem confirmar se o equipamento havia sido deixado no apartamento.
Ao analisar os dados da investigação, o ministro Alexandre de Moraes concluiu que havia elementos claros de evasão. “As diligências in loco realizadas pela Polícia Federal no endereço residencial do réu Silvinei Vasques indicam a efetivação de sua fuga”, escreveu. Em outro trecho, acrescentou: “O réu não se encontrava em seu apartamento no momento da diligência, em violação à medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno; estava utilizando veículo automotor alugado; esteve em seu endereço residencial até as 19h22min do dia 24/12/2025, quando não foi mais visto entrando ou saindo de carro; e carregou o veículo alugado com o seu animal de estimação e materiais para transporte de cachorro”.
Após ser preso no Paraguai, Silvinei Vasques foi entregue à Polícia Federal brasileira. Além da condenação criminal, o STF reconheceu que ele utilizou símbolos, recursos e a visibilidade institucional da PRF para favorecer a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o que resultou na aplicação de multa superior a R$ 500 mil e em outras sanções de natureza cível.



