Ações climáticas ganham força global, indica relatório da ONU
Documento aponta avanços em energia limpa, resiliência social e iniciativas inclusivas em diversos países
247 - A implementação de políticas climáticas está avançando de forma acelerada em várias regiões do planeta, conforme revela o Anuário da Ação Climática Global 2025. O documento, publicado nesta semana, destaca que cidades, empresas, governos e comunidades vêm intensificando esforços para reduzir emissões e fortalecer a resiliência em meio aos efeitos da crise climática.
A publicação foi elaborada pelo Climate High-Level Champions Team, em cooperação com a Presidência da COP 30 e com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O relatório detalha avanços que demonstram a expansão da agenda climática em escala mundial.
Entre os destaques, o anuário aponta que a capacidade instalada de fontes renováveis mais que dobrou desde 2015. Já iniciativas de adaptação e resiliência alcançam hoje 437 milhões de pessoas, enquanto mais de 150 coalizões internacionais reportaram resultados concretos. Outro avanço expressivo é o aumento de 420% na transparência das ações em comparação ao ano anterior.
Apesar dos indicadores positivos, o documento alerta para lacunas críticas em áreas como saúde, biodiversidade, adaptação climática e financiamento para países vulneráveis — setores que ainda demandam maior atenção da comunidade internacional.
Os Campeões de Alto Nível da UNFCCC, responsáveis por articular governos, sociedade civil, setor privado e comunidades, reforçam que ciência, inovação e justiça social são pilares essenciais para transformar compromissos em ações efetivas. Para a campeã de alto nível da COP 29, Nigar Arpadarai, “a economia real precisa avançar guiada pela equidade”.
Já o campeão de alto nível da COP 30, Dan Ioschpe, enfatiza o caráter coletivo necessário neste momento decisivo: “O espírito de mutirão define o que queremos alcançar nesta conferência.”
As ações planejadas para a COP 30 incluem mais de cem Planos de Aceleração de Soluções apresentados em Belém, todos voltados a mudanças estruturais capazes de melhorar a vida das pessoas. Entre eles está o Plano de Ação em Saúde de Belém, criado para fortalecer os sistemas de saúde no enfrentamento a ondas de calor e eventos climáticos extremos.
Outro destaque é o Plano de Ação de Combustíveis do Futuro, parte do Compromisso Belém 4X, que estabelece 20 medidas intersetoriais para quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035. O plano foca na criação de demanda, na transparência das emissões e na expansão de infraestrutura para impulsionar a produção desses combustíveis em setores historicamente difíceis de descarbonizar, como aviação, navegação, siderurgia e cimento.
O relatório também menciona o Plano de Aceleração de Soluções para Compras Públicas em Setores de Alto Impacto, aliado à Declaração de Belém sobre Compras Públicas Sustentáveis. Juntas, as iniciativas buscam transformar o mercado global de compras governamentais — que movimenta trilhões de dólares — em um instrumento estratégico para impulsionar a ação climática e promover uma transição justa.
Outro eixo relevante é a segurança fundiária para comunidades afrodescendentes, que visa fortalecer a governança territorial, a conservação ambiental e os direitos dessas populações. A meta é ambiciosa: regularizar 1 milhão de hectares na América Latina e no Caribe até 2028, além de apoiar até 100 projetos de gestão territorial e ambiental.
Apresentada como uma oportunidade decisiva, a COP 30 surge para aproximar a economia real das políticas públicas necessárias ao enfrentamento da crise climática. O relatório reforça a necessidade de alinhar ambição, financiamento e implementação para garantir que os avanços já observados se convertam em transformações concretas no cotidiano de milhões de pessoas.



