Na COP30, Alckmin defende dobrar eficiência energética até 2030
Vice-presidente defendeu acelerar a transição energética para reduzir a dependência de combustíveis fósseis
247 - O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, intensificou nesta segunda-feira (17) o apelo por ações concretas na luta contra a crise climática, em discurso na COP30, em Belém. Ao abrir a sessão ministerial, Alckmin afirmou que a conferência precisa ser marcada pela “verdade, implementação e responsabilidade”.
Ele ressaltou que decisões políticas, econômicas, industriais e ambientais tomadas hoje devem preservar as condições de vida no planeta e garantir justiça entre gerações. Segundo ele, “esta deve ser a Conferência da Verdade, da Implementação e, sobretudo, da Responsabilidade”.
O vice-presidente destacou o papel estratégico do Brasil e do governo do presidente Lula no combate às mudanças climáticas, lembrando que o país abriga parte essencial da biodiversidade mundial. “Somos guardiões de um dos maiores biomas do planeta, e a Amazônia é peça vital para o equilíbrio climático global”, afirmou, ao defender a elaboração de mapas do caminho para a transição energética e o fim do desmatamento ilegal.
Em tom de urgência, Alckmin alertou que o limite das promessas já foi superado. “O tempo das promessas já passou. Cada fração de grau adicional no aquecimento global representa vidas em risco, mais desigualdade e mais perdas para aqueles que menos contribuíram com o problema”, declarou. Para ele, a COP30 deve inaugurar uma década de entrega real, na qual metas debatidas finalmente passem a ser cumpridas.
O vice-presidente listou avanços do Brasil na área de energia limpa, lembrando que o país tem a matriz mais renovável entre as grandes economias e é pioneiro em biocombustíveis. Ele citou medidas recentes: “Este ano, o governo do presidente Lula aumentou para 30% a participação do etanol na gasolina, em caráter obrigatório, e aumentou para 15% o bio no diesel, em caráter obrigatório”. Também reforçou que a transição energética deve gerar emprego, renda e desenvolvimento de forma inclusiva.
Ao tratar da agenda ambiental, Alckmin reiterou o compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2030. Ele afirmou que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre mobilizou bilhões de dólares, criando novas possibilidades de unir preservação, economia verde e justiça social. “Proteger a floresta é proteger as pessoas — porque a vida humana e a natureza são inseparáveis”, disse.
O vice-presidente defendeu soluções em bioeconomia, descarbonização e mercados regulados de carbono, observando que mecanismos transparentes e acordados globalmente podem acelerar resultados. Ele ressaltou ainda a importância dos povos da floresta: “O conhecimento ancestral desses povos é uma das mais poderosas formas de inteligência ecológica do planeta”.
Em seguida, apresentou o conjunto de propostas que o Brasil espera deixar como legado da COP30. Entre elas, destacou a necessidade de triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, lembrando que a capacidade atual é apenas metade da necessária. O Compromisso de Belém também prevê quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, já com a adesão de 25 países. Ele mencionou ainda a redução de 50% do desmatamento ilegal no Brasil e defendeu a ampliação de iniciativas inovadoras, como o TFFF.
Alckmin listou os pilares desse mapa de ação integrado: valorização das florestas com foco na sociobioeconomia; recuperação de áreas degradadas; e cooperação entre governos, empresas e comunidades locais. “Somente em um ‘mutirão’ lograremos mudar mentes e realidades”, afirmou.
Ele também lembrou que a apresentação de NDCs alinhadas ao objetivo de 1,5°C é um teste de compromisso global. Citou a meta brasileira anunciada na COP29: reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035, em comparação a 2005, elaborada em conjunto com a ministra Marina Silva.
O vice-presidente defendeu a integração do setor industrial e tecnológico às estratégias de mitigação e adaptação, mencionando áreas como descarbonização industrial, economia circular, matriz renovável e novos materiais.
Por fim, afirmou que a COP30 marca a transição da negociação para a implementação. “Estamos aqui, todos nós, para transformar a ambição em resultados e em boas políticas públicas”, disse. Ao encerrar, reforçou a necessidade de união global em torno da responsabilidade compartilhada. “Convido os líderes aqui presentes a agirem com esse mesmo senso de urgência, de pragmatismo e de esperança. O tempo de agir é agora”, concluiu.



