Brasil destaca avanços históricos na redução do desmatamento na COP 30
País leva à conferência avanços ambientais, queda histórica do desmatamento e fortalecimento da gestão de Unidades de Conservação
247 - O Brasil abriu sua participação na COP30 destacando conquistas recentes na preservação das Unidades de Conservação (UCs) federais e na proteção da Amazônia. Os dados, apresentados nesta semana, mostram um cenário de recuperação ambiental que reforça o papel estratégico do país na agenda climática internacional.
As UCs federais, administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), atingiram em 2025 os menores índices de desmatamento desde a criação do órgão, em 2007.
As Unidades de Conservação sob gestão federal representam cerca de 10% do território nacional, somando mais de 90 milhões de hectares — uma das maiores extensões contínuas de áreas preservadas do mundo. O ICMBio, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), conduz ações de proteção da biodiversidade, fiscalização e pesquisa científica nas regiões protegidas.
De acordo com os dados divulgados no início de novembro, o desmatamento total na Amazônia Legal caiu 11,08% em comparação a 2024. Nas UCs federais, o recuo foi ainda mais expressivo: uma redução de 31%, configurando o menor nível já registrado no bioma desde que o instituto foi criado. Para o presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires, o desempenho reforça a importância das áreas protegidas para o enfrentamento à crise climática. “O desafio é sair da conferência com uma agenda sólida, mostrando que as UCs são eficazes para mitigar e se adaptar à mudança do clima”, afirma.
Além de proteger a biodiversidade, muitas das UCs brasileiras abrigam comunidades tradicionais que dependem diretamente dos recursos naturais. Cerca de 70 mil famílias vivem em reservas extrativistas, onde atividades sustentáveis, como a extração de látex das seringueiras amazônicas, são fundamentais para a economia local. “Essa relação entre natureza e comunidades é uma marca do nosso modelo de gestão”, explica Mauro Pires. Ele também relembra a visão de Chico Mendes, ao citar literalmente: “Algo muito marcante que Chico Mendes falou é que, no início, ele imaginava estar lutando para defender as seringueiras e, com elas, os seringueiros que delas dependiam. Depois, viu que estava defendendo a floresta. Por fim, percebeu que, na verdade, estava defendendo a humanidade”.
No início de novembro, durante a agenda pré-COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou UCs no oeste do Pará ao lado de Mauro Pires, da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. A comitiva reforçou o compromisso com uma gestão integrada que combine preservação ambiental e desenvolvimento social para as populações que vivem nas áreas protegidas.
Com 344 UCs sob sua responsabilidade — sendo 134 delas na Amazônia — o ICMBio apresenta na COP30 temas estratégicos, como o protagonismo feminino na conservação e o fortalecimento de mecanismos de cooperação internacional. Durante o evento, o instituto deve assinar dois novos acordos: um com o Office Français de la Biodiversité, voltado à gestão de áreas protegidas habitadas, e outro com o estado alemão de Baden-Württemberg, que prevê intercâmbio técnico com o Parque Nacional da Floresta Negra.
A ampliação de parcerias internacionais também inclui o aprofundamento da cooperação com o Peru e novas articulações com instituições ambientais de outros países. Na programação desta segunda e terça-feira, dias 17 e 18 de novembro, a COP30 dedica-se à gestão comunitária e planetária, com foco em Florestas, Oceanos e Biodiversidade, destacando o papel de povos indígenas e comunidades tradicionais.



