Banco Central amplia cerco e prepara nova rodada de apurações sobre o Master
Após a liquidação do banco, autarquia avança em investigações que miram fraudes, fundos do conglomerado e possíveis ligações com o PCC
247 - O Banco Central intensificou sua atuação sobre o Banco Master e prepara uma nova série de procedimentos administrativos para aprofundar suspeitas de irregularidades envolvendo a instituição. Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, as apurações internas vão além dos fatos já identificados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
As novas frentes de investigação surgem após a liquidação do banco, realizada na semana passada, e incluem a análise de possíveis fraudes, omissões e operações atípicas que se estenderiam para além dos crimes já mencionados na Operação Compliance Zero, que levou à prisão do CEO Daniel Vorcaro e de outros seis executivos ligados ao conglomerado.
As próximas ações da autarquia também se voltam ao fundo Bravo, administrado pela gestora Reag e vinculado ao Master. O fundo, um FDIC que afirmava possuir R$ 8 bilhões em patrimônio, encerrou suas atividades em novembro de 2024 sem nunca ter divulgado documentos detalhando seus investimentos. A Reag, por sua vez, é alvo de outra operação da PF, a Carbono Oculto, que investiga conexões entre fintechs e gestoras de recursos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O caso ganhou novo contorno político após o senador Eduardo Girão anunciar que vai propor uma “investigação legislativa profunda, ampla e rigorosa” sobre o que descreve como um possível esquema de engenharia financeira fraudulenta. No requerimento, o parlamentar afirma que os indícios já revelados pela PF, pelo Banco Central e pela imprensa “podem configurar uma das maiores pirâmides financeiras já identificadas no País, com dano sistêmico ao mercado e potencial prejuízo ao patrimônio público”.
Durante a Operação Compliance Zero, técnicos do Banco Central relataram à Polícia Federal que nunca haviam vivenciado pressão política tão intensa quanto a registrada em favor do Master. A força-tarefa também identificou que o banco teria deixado de recolher depósitos compulsórios desde julho, descumprindo uma obrigação legal considerada essencial para a segurança do sistema financeiro.
As investigações podem resultar na inabilitação de Daniel Vorcaro e de outros dirigentes, impedindo-os de atuar no sistema financeiro. A defesa, no entanto, argumentou em pedido de habeas corpus apresentado ao Superior Tribunal de Justiça que a prisão seria desproporcional, já que não haveria investigação interna em curso no BC. Fontes da autarquia informaram que a ausência de procedimentos administrativos até então ocorreu porque a prioridade foi comunicar imediatamente as fraudes às autoridades e preparar a liquidação da instituição, concluída também na semana passada.



