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Banco Central eleva projeção de crescimento do PIB para 2,3% em 2025

Com juros em 15%, entidade monetária projeta crescimento de 1,6% no ano que vem

Sede do Banco Central em Brasília-DF - 29/10/2019 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2025, indicando um desempenho mais robusto do que o projetado anteriormente. A nova projeção aponta expansão de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 2,0% estimados até então, segundo o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado nesta quinta-feira.

O Banco Central também revisou levemente a previsão para 2026, que passou de 1,5% para 1,6%, refletindo ajustes técnicos e novas estimativas incorporadas ao cenário econômico.

De acordo com o RPM, a revisão para 2025 está associada ao desempenho da economia no terceiro trimestre, quando o PIB registrou variação positiva de 0,1%, resultado considerado ligeiramente acima do esperado. Além disso, o BC promoveu revisões nas séries históricas, com impacto relevante sobre os números da agropecuária no primeiro semestre do ano.

“A alteração na projeção de crescimento do PIB em 2025 reflete a surpresa ligeiramente positiva no terceiro trimestre, a reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre — considerando os indicadores disponíveis até a data de corte deste Relatório — e a revisão das séries históricas”, informou o Banco Central no documento.

Pela ótica da demanda, a principal mudança ocorreu na estimativa de consumo do governo. Já sob o ponto de vista da oferta, houve elevação das projeções para a agropecuária e para a indústria, enquanto o setor de serviços teve leve ajuste negativo.

“A projeção para os setores menos cíclicos foi elevada, refletindo, principalmente, revisões altistas na agropecuária e na indústria extrativa, parcialmente compensadas pela redução na previsão para serviços de intermediação financeira”, destacou o BC. Segundo o órgão, “a previsão para os setores mais cíclicos também avançou, com aumento nas estimativas para construção, indústria de transformação e algumas atividades mais cíclicas do setor de serviços”.

No caso de 2026, a revisão positiva está relacionada ao chamado efeito de “herança estatística” de 2025 e à incorporação de estimativas preliminares sobre os impactos da isenção ou do desconto no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para as faixas iniciais de renda, medida que tende a estimular o consumo das famílias. Esse efeito, contudo, foi parcialmente neutralizado por perspectivas menos favoráveis para a agropecuária e a indústria extrativa, diante das primeiras projeções de safra e do cenário para o minério de ferro.

“Para 2026, mantém-se a projeção de crescimento moderado ao longo do ano”, afirmou o Banco Central. O órgão acrescentou que o cenário é influenciado pela expectativa de manutenção da política monetária em nível restritivo, pelo baixo grau de ociosidade dos fatores de produção, pela desaceleração da economia global e pela ausência do impulso agropecuário observado em 2025.

A avaliação do BC dialoga com a ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na última terça-feira, na qual a autoridade monetária apontou continuidade do processo de moderação da atividade econômica. “A última divulgação do PIB seguiu indicando moderação de crescimento e mostrou uma redução no crescimento do consumo das famílias, que vinha em ritmo forte em função dos ganhos reais de renda”, afirmou o comitê.

Ainda segundo o Copom, “o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”. Para o Banco Central, a desaceleração da atividade é condição necessária para que a inflação convirja ao objetivo de 3,0%.

Atualmente, o governo projeta crescimento de 2,2% do PIB neste ano e de 2,4% em 2026. Já o Boletim Focus, que reúne estimativas do mercado financeiro, aponta expansões de 2,25% e 1,80% para os mesmos períodos, respectivamente.

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