China impõe tarifa de 55% à carne brasileira acima da cota
Medida entra em vigor em janeiro e vale até 2028 para exportações acima da cota
247 - O governo da China anunciou a adoção de uma tarifa adicional de 55% sobre as importações de carne bovina que ultrapassarem volumes previamente estabelecidos por cotas anuais. A medida começa a valer em 1º de janeiro e atinge países como Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália e Estados Unidos, principais fornecedores do produto ao mercado chinês. Até novembro, o Brasil havia exportado cerca de 1,4 bilhão de toneladas de carne bovina para a China, que se consolidou como o principal destino do produto brasileiro. As informações são da AFP.
Medida afeta principais exportadores globais
Segundo o Ministério do Comércio chinês, a decisão foi tomada após uma investigação oficial que avaliou os impactos da carne bovina importada sobre o mercado interno. O levantamento incluiu carne fresca e congelada, com osso e sem osso, e concluiu que as compras externas causaram prejuízos à indústria nacional.
Nos últimos anos, os preços da carne bovina na China apresentaram tendência de queda, influenciados pelo excesso de oferta e pela demanda enfraquecida, em um contexto de desaceleração da segunda maior economia do mundo. Ao mesmo tempo, as importações cresceram de forma significativa, reforçando a importância do mercado chinês para grandes produtores internacionais.
Investigação aponta impacto na indústria chinesa
Em comunicado, o ministério afirmou que pesquisadores chineses identificaram efeitos negativos da carne estrangeira sobre a produção local, o que embasou a adoção das chamadas salvaguardas comerciais. As tarifas adicionais terão validade de três anos, até 31 de dezembro de 2028, e foram classificadas como “medidas protecionistas”, com previsão de redução gradual ao longo do período.
Cotas e validade das tarifas
A China continuará adotando cotas anuais de importação por país, com ajustes periódicos. A partir da vigência da medida, toda carne bovina exportada que exceder esses limites estará sujeita à tarifa de 55%. Para 2026, o Brasil terá uma cota de 1,1 milhão de toneladas. A Argentina contará com um limite aproximado de metade desse volume, enquanto o Uruguai terá 324 mil toneladas. A Austrália enfrentará uma cota de cerca de 200 mil toneladas, e os Estados Unidos, de 164 mil.
O ministério também informou a suspensão parcial de um acordo de livre comércio com a Austrália que incluía a carne bovina. Em nota separada, um porta-voz da pasta declarou que “a aplicação de salvaguardas à carne bovina importada visa ajudar temporariamente a indústria nacional a superar dificuldades, e não restringir o comércio normal de carne”.



