Com juros altos, governo prevê crescimento econômico de 2,2% em 2025
Fazenda revisa para baixo o desempenho do PIB e prevê inflação ainda acima da meta
247 - O Ministério da Fazenda divulgou novas estimativas que apontam para uma desaceleração econômica maior do que a prevista anteriormente. As informações constam do Boletim Macrofiscal, publicado nesta quinta-feira (13) pela Secretaria de Política Econômica. Segundo o documento, mesmo com a perda de fôlego da economia, a inflação seguirá acima do limite estabelecido pelo sistema de metas.
A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 foi ajustada de um crescimento de 2,3%, estimado em setembro, para 2,2%. Caso o número se confirme, o país caminhará para um ritmo inferior ao registrado em 2024, quando o avanço chegou a 3,4%.
O Ministério avaliou que “o ritmo de atividade seguiu em desaceleração no terceiro trimestre, repercutindo o alto patamar dos juros reais (...) Essa desaceleração já era esperada, e repercute efeitos defasados e cumulativos da política monetária restritiva em vigor [taxa Selic elevada]”. A leitura oficial reforça que a política de juros altos continua sendo o principal freio do crescimento.
As projeções da Fazenda contrastam com as expectativas de outras instituições. Para este ano, o Banco Central estima um avanço de 2% do PIB, enquanto o mercado financeiro projeta 2,16%. Já para 2026, ano de eleição presidencial, o governo manteve a estimativa de expansão em 2,4%. A Secretaria de Política Econômica avalia que, ao longo do próximo ano, “a política monetária se torne menos contracionista [com queda do juro], contribuindo para tornar o mercado de crédito menos restritivo junto com políticas de crédito habitacional e ao trabalhador”.
Impacto no orçamento
A revisão do crescimento tem efeitos diretos sobre a discussão orçamentária no Congresso Nacional. O projeto de lei orçamentária de 2026, enviado em agosto, trabalha com a previsão de alta de 2,44% do PIB. Caso o cenário de menor expansão se confirme, haverá redução na arrecadação prevista, o que pode levar a bloqueios maiores de despesas — num ano eleitoral em que o governo tenta cumprir a meta de déficit zero dentro do intervalo permitido.
Juros altos
O Banco Central tem reafirmado que a desaceleração da economia faz parte da estratégia de conter pressões inflacionárias, especialmente no setor de serviços. Com atividade mais lenta, o enfraquecimento da demanda ajuda a moderar reajustes de preços. Ainda assim, o novo boletim aponta que o controle inflacionário seguirá distante do ideal.
Inflação deve seguir acima do teto em 2025
O Ministério da Fazenda reduziu a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025, de 4,8% para 4,6%. Apesar da queda, o número ainda está acima do teto de 4,5% estabelecido pelo sistema de metas. Segundo o governo, a perspectiva de inflação menor decorre de “efeitos defasados do real mais apreciado; a menor inflação no atacado agropecuário e industrial; e o excesso de oferta de bens em escala mundial como reflexo do aumento nas tarifas comerciais”.
Para 2026, a projeção foi mantida em 3,6%, o que representaria o retorno da inflação ao intervalo permitido, cujo objetivo central é de 3%, com tolerância de 1,5% a 4,5%. Desde o início do ano, vigora o modelo de meta contínua, que considera descumprida a meta caso o indicador fique fora da faixa de tolerância por seis meses consecutivos — algo que já ocorreu em junho.



