Correios precisam captar mais R$ 8 bilhões em 2026, diz presidente da estatal
Emmanoel Rondon afirma que recursos adicionais ainda não têm fonte definida e integram plano para equilibrar as contas a partir de 2027
247 - Os Correios pretendem buscar mais R$ 8 bilhões em recursos ao longo de 2026 como parte central do plano de reestruturação financeira da empresa. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (29) pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, durante a apresentação oficial das medidas que visam reverter a grave situação de caixa enfrentada pela companhia.
Segundo Rondon, ainda não há definição sobre a origem desse montante adicional: "essa necessidade de captação [de R$ 8 bilhões] vai ser vista em 2026. Se a melhor opção é aporte [do Tesouro] ou outra operação de crédito, não está definido ainda".
Atualmente, os Correios já firmaram contratos de empréstimo que somam R$ 12 bilhões junto a bancos públicos e privados, embora o pedido inicial da empresa fosse de R$ 20 bilhões. Mesmo após essa captação, permanece um déficit relevante no plano financeiro da estatal. "Permanece a necessidade de captação de R$ 8 bilhões", reiterou Rondon ao detalhar o cenário.
O conjunto de medidas de ajuste foi pactuado com instituições financeiras e com o governo federal e tem como meta principal levar os Correios a registrar resultados positivos a partir de 2027. Entre as ações previstas estão a regularização de dívidas com fornecedores e bancos, a venda de imóveis, a reformulação da estrutura de cargos e salários e mudanças no plano de saúde dos empregados.
Um dos pontos mais sensíveis do plano é a implementação de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), previsto para 2026 e 2027, que pode resultar no desligamento de até 15 mil trabalhadores. De acordo com projeções internas, a adoção dessas medidas pode gerar uma economia anual de até R$ 4,2 bilhões, embora o impacto pleno só deva ser sentido a partir de 2029.
Antes disso, o ganho líquido será menor, já que a empresa terá de arcar com custos relacionados aos incentivos ao PDV e às compensações ligadas ao plano de saúde. Ainda assim, a expectativa é de um crescimento gradual da economia ao longo dos próximos anos.
Além do ajuste interno, os Correios estudam alternativas estratégicas para o futuro, como a ampliação de parcerias com outras empresas e até a possibilidade de abertura de capital, transformando-se em uma sociedade de economia mista, com manutenção do controle pela União, nos moldes de Petrobras e Banco do Brasil.
O empréstimo de R$ 12 bilhões fechado recentemente conta com garantia do Tesouro Nacional, que se compromete a honrar os pagamentos em caso de inadimplência. A operação é vista como uma solução transitória para aliviar o caixa da empresa enquanto o plano de reestruturação avança.
O contrato foi assinado por um consórcio formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Banco do Brasil, Caixa e Bradesco emprestaram R$ 3 bilhões cada, enquanto Itaú e Santander contribuíram com R$ 1,5 bilhão cada. O custo da operação ficou em 115% do CDI, abaixo do teto de 120% estabelecido pelo Tesouro, com prazo de 15 anos e carência de três anos para o início dos pagamentos.


