Galípolo diz que, na dúvida, Banco Central deve ser mais conservador
Presidente do BC afirma que sinais mistos tornam cenário econômico mais complexo e que período de juros altos já está em curso
247 – O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (1º) que, em momentos de incerteza, a autoridade monetária precisa adotar uma postura mais cautelosa. “É ser um pouco mais conservador”, disse ao avaliar o atual quadro da economia brasileira. A declaração foi publicada pelo jornal Valor Econômico.
Durante evento promovido pela XP, Galípolo destacou que a economia apresenta sinais mistos considerados “especialmente complexos”, o que dificulta a leitura sobre a trajetória da atividade. Ainda assim, ele afirmou que é difícil contestar a avaliação de que o mercado de trabalho segue aquecido.
Segundo ele, esse comportamento confuso das correlações econômicas evidencia o desafio. “É normal que você tenha sinais mistos mesmo na economia, mas desta vez eles estão especialmente complexos por causa desse mau comportamento das correlações [econômicas]”, afirmou.
Desemprego cai ao menor nível da série histórica
A Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE, mostrou que a taxa de desemprego caiu para 5,4% no trimestre encerrado em outubro. É o menor nível desde o início da série histórica, em 2012. O número veio abaixo das expectativas coletadas pelo Valor Data, que variavam entre 5,5% e 5,7%.
Inflação atinge o teto da meta e expectativas melhoram
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 0,20% em novembro. Em 12 meses, o índice acumulado atingiu 4,5%, exatamente o teto da meta de inflação do BC.
O relatório Focus mostra redução das expectativas inflacionárias. Para 2025, a projeção mediana caiu para 4,43%, ante 4,55% quatro semanas antes. Para 2026, recuou de 4,20% para 4,17%, e a estimativa para 2027 permaneceu em 3,80%.
Mesmo com a melhora, Galípolo afirmou: “A gente ainda não está onde nosso mandato manda a gente estar”.
‘Bastante prolongado’ não reinicia a cada reunião
Questionado sobre a expressão “bastante prolongado”, usada pelo Copom para descrever o período em que os juros devem permanecer altos, Galípolo explicou que o termo não é reiniciado a cada encontro.
“Não é que ele [bastante] zera a cada nova reunião que a gente escreve”, afirmou, reforçando que o processo de convergência da inflação é lento.
O Copom manteve a Selic em 15% ao ano nas últimas três reuniões. O mercado projeta cortes a partir do primeiro trimestre de 2026, mas ainda sem consenso sobre o momento exato.
BC rejeita códigos e evita volatilidade
Galípolo também afirmou que o Banco Central não pretende utilizar um “código” na comunicação para antecipar decisões. “Não tem necessidade disso”, disse. Ele acrescentou que a instituição não deve “agregar volatilidade” ao cenário econômico.
A mensagem reforça que, em um ambiente de incertezas e correlações atípicas, prevalece a busca por prudência na condução da política monetária.



