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Haddad destaca recordes da economia brasileira e critica ‘previsões reiteradamente erradas’

Ministro da Fazenda diz que governo Lula fez ajuste fiscal “sem penalizar a base da pirâmide”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala durante reunião em Brasília-DF - 03/06/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), nesta quinta-feira (4), durante a reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, pautou-se na defesa dos resultados econômicos obtidos pelo governo Lula. As declarações, amplas e repletas de indicadores, buscaram reforçar o que ele descreve como um ciclo de prosperidade social e estabilidade econômica do país.

No início de sua fala, o ministro afirmou que há motivos concretos para um otimismo responsável sobre o desempenho brasileiro. Segundo ele, a interlocução com Congresso, Judiciário, empresários e consumidores exige confiança, construída a partir de resultados reais e de uma estratégia que, afirma, tem sido conduzida com equilíbrio.

Haddad recorreu a uma metáfora para explicar a condução do ajuste fiscal, defendendo que os esforços não exigem medidas drásticas. “Os desafios estão aí, mas não precisamos de uma serra elétrica para corrigir nossos desequilíbrios. Precisamos de uma chave de fenda. Agora, se tomarem a chave de fenda da gente também, vai ficar difícil parafusar com a mão”, afirmou, destacando que o governo busca preservar avanços sociais enquanto equilibra as contas públicas.

Ao apresentar projeções do Banco Central, o ministro disse que o Brasil deve encerrar os quatro anos do atual mandato com crescimento médio de 2,8%, o maior desde o primeiro governo FHC, excetuando os dois primeiros mandatos de Lula. “Ou seja, ele só perde para ele mesmo. O senhor está perdendo para o senhor em crescimento, presidente”, declarou Haddad, em tom elogioso.

O ministro celebrou também os indicadores do mercado de trabalho. Segundo ele, a taxa média de desemprego deve encerrar o período em 6,7%, o menor patamar de toda a série histórica, acompanhada de uma queda da informalidade para 37,9% e da subutilização para 14,7%. As condições favoráveis, diz, elevaram o rendimento médio real do trabalhador para um recorde de R$ 3.507. “A média salarial hoje no Brasil é recorde”, afirmou.

Outro destaque foi o índice de Gini, que mede a desigualdade social. Segundo Haddad, o país alcançou o menor nível já registrado. Ele também mencionou a menor prevalência de subnutrição e a saída do Brasil, pela segunda vez, do Mapa da Fome. No universo juvenil, citou a queda da taxa de jovens que não estudam nem trabalham para 21,2%, o menor índice da série.

Haddad dedicou parte da fala à inflação, celebrando o que chamou de um marco histórico. “Em quatro anos, vai ser a menor da história, de toda a história, do império, da República, da República Velha, do Estado Novo, do Plano Real”, afirmou. Para o ministro, a conciliação entre inflação baixa e desemprego reduzido representa “o menor nível de desconforto de uma sociedade”.

Segundo ele, políticas como o Plano Safra, o Pronaf e medidas de estímulo ao microcrédito contribuíram para que a inflação de alimentos fosse a menor entre todos os mandatos desde o início da medição. Em paralelo, destacou a política de valorização do salário mínimo, que reverteu uma trajetória de perda de poder de compra iniciada em 2017. “Nós começamos a recuperar”, disse, reconhecendo que ainda há espaço para avanços.

O ministro dedicou atenção também ao crédito. “As concessões reais de crédito e a recuperação do microcrédito estão na máxima histórica”, afirmou. Segundo ele, o país alcançou R$ 648 milhões em concessões mensais e R$ 1,64 bilhão em microcrédito até outubro. Programas como o Desenrola, o Desenrola Pequenos Negócios, a regulação dos juros do cartão de crédito e o Marco de Garantias teriam impulsionado o mercado. Haddad indicou ainda recordes na concessão de crédito para veículos, na emissão de debêntures e nos investimentos de infraestrutura, que somaram R$ 261 bilhões em 2024.

O ministro também destacou o desempenho do setor imobiliário, atribuindo à retomada do Minha Casa, Minha Vida o maior volume de unidades financiadas e de recursos do FGTS destinados à habitação em toda a série histórica. A marca mensal atingiu R$ 8,1 bilhões, com média de 47 mil unidades financiadas.

Haddad citou ainda o fortalecimento do mercado acionário, mencionando o Ibovespa em alta, o dólar em queda e a confiança de empresários e trabalhadores em níveis elevados. “Fico às vezes perplexo de ver previsões que reiteradamente não se confirmam”, afirmou, em referência a analistas que previram desempenho econômico inferior ao registrado.

Ao abordar novamente o ajuste fiscal, o ministro comparou o governo atual às gestões anteriores, afirmando que o déficit do mandato Lula será 70% menor que o do governo anterior e 60% inferior ao do que o precedeu. Ele reforçou que a política fiscal é conduzida com transparência e alinhamento a padrões internacionais, permitindo ao governo negociar com o Congresso medidas de continuidade.

Haddad disse ainda que o atual ciclo de ajuste rompeu o padrão histórico de penalização da população mais pobre. “Pela primeira vez na história, não penaliza a base da pirâmide”, afirmou, em referência ao fato de que medidas de contenção de gastos foram aplicadas sobretudo sobre subsídios tributários e renúncias fiscais, preservando salário mínimo, tabela do Imposto de Renda e programas sociais.

Encerrando sua intervenção, o ministro ressaltou a importância de identificar gargalos e de manter o foco no desenvolvimento, reiterando que o consumidor é o elemento central da roda da economia. “Aquele que põe a roda da economia para andar”, concluiu.

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