Nova Indústria Brasil avança em inovação, competitividade e ações sustentáveis
Programas da Nova Indústria Brasil ampliam crédito, atraem investimentos e ajudam a neutralizar impactos do tarifaço dos EUA
247 – O Brasil encerra 2025 com uma política industrial mais estruturada, financiada e orientada para a inovação, a sustentabilidade e a ampliação das exportações, em meio a um cenário internacional marcado por aumento do protecionismo e novas barreiras comerciais.
Segundo balanço divulgado pela Agência Gov, via Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o país consolidou e ampliou iniciativas lançadas desde 2023 e obteve avanços tanto no fortalecimento da indústria nacional quanto na abertura de novos mercados.
Sob a gestão do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, e com a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mdic destacou que atuou em 2025 para conquistar mercados externos, atrair investimentos estrangeiros e melhorar o ambiente de negócios. O esforço, segundo a pasta, foi determinante para mitigar os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, que exigiu meses de negociações e mobilização institucional e empresarial entre os dois países.
Tarifaço dos EUA e resposta do governo com o Plano Brasil Soberano
De acordo com o Mdic, as negociações sobre as chamadas “tarifas adicionais” levaram a duas frentes de ação. A primeira foi interna, com a criação do Plano Brasil Soberano, que disponibilizou R$ 40 bilhões em crédito para empresas afetadas e incluiu outras medidas de proteção produtiva.
A segunda frente foi diplomática e comercial, resultando, segundo o governo, na eliminação das tarifas sobre grande parte dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, reduzindo parte do choque que atingiu setores estratégicos. O balanço ressalta que a articulação envolveu interlocução prolongada com autoridades norte-americanas e representantes empresariais de ambos os lados.
Plano Mais Produção chega a R$ 643,3 bilhões e impulsiona 406 mil projetos industriais
O principal motor financeiro da Nova Indústria Brasil (NIB), segundo o Mdic, foi o Plano Mais Produção, que em 2025 saltou para R$ 643,3 bilhões, com 93% desse total já contratado, destinado a 406 mil projetos industriais em todas as regiões do país.
O crescimento é expressivo: o volume de recursos representa alta de 114,4% em relação aos R$ 300 bilhões anunciados no lançamento da NIB, em 2024. Entre 2023 e 2025, foram destinados R$ 588,4 bilhões para projetos alinhados às seis missões estratégicas da política industrial.
A distribuição do financiamento, conforme divulgado, foi a seguinte:
- Missão 1 (Agroindústria): R$ 125,7 bilhões para 293,3 mil projetos
- Missão 2 (Saúde): R$ 25 bilhões para 3,5 mil projetos
- Missão 3 (Infraestrutura): R$ 254,4 bilhões para 45 mil projetos
- Missão 4 (Transformação digital): R$ 99 bilhões para 41,5 mil projetos
- Missão 5 (Descarbonização e bioeconomia): R$ 54,7 bilhões para 22,2 mil projetos
- Missão 6 (Defesa): R$ 29,6 bilhões para 137 projetos
Indústria cresce com NIB e sustenta indicadores econômicos positivos
O Mdic aponta que a Nova Indústria Brasil já apresenta impactos macroeconômicos relevantes. Em 2024, o faturamento da indústria de transformação cresceu 5,6%, maior alta em 14 anos, segundo dados citados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2025, o faturamento seguiu em expansão, com alta de 1,2% até outubro.
No acumulado desde 2023, a indústria teria crescido 11,6%, superando o avanço do PIB, que somou 11,2% no mesmo período, de acordo com o balanço. O documento também destaca desempenho do setor eletroeletrônico, que teria registrado crescimento de 6% no faturamento em 2025, atingindo R$ 241 bilhões, com o Brasil figurando entre os cinco maiores do mundo no segmento.
Além da indústria, o governo associa os resultados econômicos a indicadores sociais e de emprego. O Mdic cita:
- Taxa de desemprego em 5,2%
- Rendimento médio real de R$ 3.574
- 103 milhões de pessoas ocupadas, recorde da série histórica do IBGE
- Saída do Brasil do Mapa da Fome pela segunda vez, segundo o balanço
- Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) de US$ 84,1 bilhões entre janeiro e novembro de 2025, maior marca em 10 anos
Programas estratégicos: carro sustentável e política de datacenters
Entre os programas associados à NIB, o Mdic destacou duas iniciativas que ganharam centralidade em 2025.
A primeira foi o Carro Sustentável, que zerou o IPI para veículos de entrada, medida que, segundo dados citados da Anfavea, teria ajudado a elevar as vendas no varejo em 51,6% e as vendas diretas em 6,6% dos modelos inscritos entre julho e novembro.
A segunda foi a Política Nacional de Datacenter, que criou o programa Redata, com objetivo de estimular a construção de centros de dados no país e desenvolver cadeias associadas a semicondutores, tecnologia da informação, cabos submarinos e integração com energia renovável. No balanço, o governo projeta para o Redata R$ 5,2 bilhões em incentivos em 2026 e expectativa de R$ 2 trilhões em investimentos em 10 anos.
Exportações, acordos comerciais e multilateralismo em ambiente de protecionismo
Em um cenário global de recuo do comércio internacional e crescimento do protecionismo, o governo afirma que manteve em 2025 uma estratégia voltada ao multilateralismo e à abertura de mercados. O destaque, segundo o Mdic, foi a assinatura do Acordo de Livre Comércio do Mercosul com o EFTA (Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein) e o encaminhamento do acordo Mercosul–União Europeia.
A pasta também menciona que os acordos firmados com Singapura (2024) e com o EFTA, além do avanço com a União Europeia, elevariam a fatia das exportações brasileiras cobertas por preferências tarifárias de 12,2% para 30%.
O balanço cita ainda negociações do Mercosul com Emirados Árabes, Canadá, Índia e Panamá, e aponta que a revisão do Regime de Origem do Mercosul (2023) fortaleceu o comércio regional.
China, BRICS e investimentos em infraestrutura e tecnologia
O documento também ressalta a ampliação da cooperação internacional. Segundo o Mdic, a parceria estratégica com a China teria alcançado R$ 5 bilhões em áreas tecnológicas, envolvendo 53 projetos em infraestrutura, energia, saúde, chips, inteligência artificial, satélites, navios e outros segmentos, além de R$ 27 bilhões em investimento chinês.
No âmbito do BRICS, o governo afirma ter promovido encontros de alto nível sob presidência brasileira, com consenso em torno do multilateralismo, fortalecimento da OMC e cooperação industrial com foco em inovação e tecnologias digitais.
Simplificação do comércio exterior e defesa comercial com antidumping em alta
O Mdic apresentou um conjunto de medidas voltadas à redução de custos e prazos para exportar e importar. Entre elas, foram citadas ações como o Portal Único do Comércio Exterior, a Licença Flex, o Certificado de Origem Digital e modalidades de despacho e autocertificação que prometem reduzir burocracia e acelerar trâmites.
Ao mesmo tempo, o governo destacou a atuação em defesa comercial, citando recordes recentes: 73 casos antidumping iniciados em 2024 e 44 medidas aplicadas em 2025. Também foram renovadas medidas de elevação tarifária para produtos como aço e químicos, além de ações envolvendo pneus e papel cartão, com o objetivo de conter surtos de importação que afetariam a indústria nacional.
Inovação, digitalização e produtividade: mais crédito e incentivos
O balanço enfatiza que o crédito para inovação atingiu patamar histórico. O programa Mais Inovação (BNDES, Finep, Embrapii) já financiou R$ 60 bilhões, de um total previsto de R$ 108 bilhões até 2026, para projetos de inovação e digitalização.
Outros destaques incluem:
- R$ 21 bilhões em incentivos até 2026 por meio de instrumentos como PADIS, Brasil Semicondutores e Nova Lei de Informática
- Atração de R$ 186 bilhões em investimentos totais para transformação digital
- Programa Brasil + Produtivo, com 67,5 mil empresas atendidas e ganho médio de 28% em produtividade
- Depreciação acelerada: R$ 3,4 bilhões em benefícios fiscais, com R$ 4,69 bilhões em investimento privado gerado
Sustentabilidade e transição energética: Mover, biocombustíveis e economia circular
Na frente ambiental, o Mdic afirma ter ampliado o eixo da “indústria sustentável”, combinando inovação, inclusão e competitividade. O programa Mover – Mobilidade Verde e Inovação somou R$ 3,5 bilhões em 2024 e R$ 3,8 bilhões em 2025, com anúncios de R$ 190 bilhões em investimentos do setor automotivo, sendo R$ 140 bilhões das montadoras e R$ 50 bilhões do setor de autopeças.
O balanço também aponta R$ 11,7 bilhões em investimentos do BNDES e Finep em biocombustíveis, mais que o dobro do período 2019–2022, e uma estimativa de R$ 27,9 bilhões para o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, com capacidade de produção de 3,375 bilhões de litros por ano.
A economia circular aparece como outra prioridade, com o lançamento do Plano Nacional de Economia Circular e do fundo “Tudo na Circularidade”, com R$ 40 milhões do BNDES, além de medidas de logística reversa que elevaram para 22% o mínimo de conteúdo reciclado em embalagens plásticas.
Ambiente de negócios: patentes, regulação e redução do Custo Brasil
Na dimensão regulatória e institucional, o balanço destaca o Observatório do Custo Brasil, com estimativa de redução de R$ 530 bilhões por meio da agenda lançada em 2023, além de iniciativas voltadas à segurança jurídica e atração de investimentos.
O INPI teria reduzido o prazo médio de análise de patentes de 6,9 anos (2022) para 4 anos (dezembro de 2025), sinalizando melhora no ambiente de inovação.
Outras medidas listadas incluem o Portal da Regulação, a Estratégia Nacional de Melhoria Regulatória, o fortalecimento da infraestrutura da qualidade e novas plataformas digitais para monitoramento de investimentos e combate a fraudes.
Inclusão produtiva e desenvolvimento regional ganham instrumentos específicos
O Mdic também destacou ações voltadas a inclusão e desenvolvimento regional. Uma chamada pública do BNDES e Finep para o Nordeste disponibilizou R$ 10 bilhões, selecionando 189 projetos que somariam R$ 113 bilhões em investimentos.
Programas como Raízes Comex, Empreendedoras Tech, Elas Exportam e a Estratégia Nacional de Economia de Impacto também aparecem como instrumentos para ampliar diversidade e participação de públicos historicamente excluídos, com resultados como premiações internacionais e milhares de negócios apoiados.
Congresso e marcos legais: de reforma tributária a hidrogênio verde
O balanço de 2025 do Mdic ainda aponta o avanço da agenda industrial no Congresso desde 2023, citando medidas como reforma tributária e regulamentação, mercado regulado de carbono, marco legal do hidrogênio verde, lei do Combustível do Futuro, e instrumentos de incentivo à transição energética e à modernização do parque industrial.
Ao reunir financiamento recorde, expansão de acordos comerciais, estímulos à inovação e iniciativas de sustentabilidade e competitividade, o governo afirma que a política industrial do país avança como um dos pilares centrais de crescimento e reposicionamento do Brasil em um mundo mais fragmentado e protecionista.



