TV 247 logo
      HOME > Economia

      Política tarifária dos EUA pode desencadear colapso em cadeia, alerta fundadora do Instituto Schiller

      Helga Zepp-LaRouche avalia que falta de indústria diversificada nos Estados Unidos amplia perigo de falências com mudança abrupta. Entenda

      Donald Trump e Bolsa de Valores em queda (Foto: REUTERS)
      Guilherme Paladino avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - Uma nova onda de tarifas unilaterais por parte dos Estados Unidos pode não apenas falhar em reverter a desindustrialização do país, como também desencadear um colapso financeiro global. Ao invés de fortalecer a economia americana, as medidas adotadas podem gerar uma reação em cadeia de falências num sistema já sobrecarregado por dívidas e bolhas especulativas.

      A avaliação faz parte de um artigo publicado nesta segunda-feira (7) pela comentarista política alemã Helga Zepp-LaRouche, fundadora do Instituto Schiller, no site da emissora chinesa CGTN. Ela analisa as implicações da política tarifária de Donald Trump, que impõe sobretaxas de até 50% sobre produtos de diversos países — incluindo China, Alemanha, Japão e Coreia do Sul — sob a justificativa de que esses governos suprimem o consumo doméstico para favorecer exportações. A China, por sua vez, respondeu com tarifas de retaliação de 34% sobre produtos americanos, enquanto outras nações optaram por negociar ou adiar decisões, temendo o impacto econômico de uma guerra aberta.

      Segundo Zepp-LaRouche, a justificativa divulgada pela Casa Branca é simplista e ignora as particularidades de cada modelo econômico. A comentarista destaca, por exemplo, que a China não apenas eliminou a pobreza extrema como criou uma classe média de 400 milhões de pessoas com alto poder de consumo. Além disso, transformou-se em motor do desenvolvimento no Sul Global.

      O caso da Alemanha é diferente. “Teoricamente, as tarifas de Trump poderiam ser um alerta para a Alemanha colocar sua casa em ordem”, afirma a analista, pois, embora o país tenha se beneficiado de uma política de compressão salarial nos anos 2000 para ganhar competitividade, hoje sofre com infraestrutura degradada, mercado interno enfraquecido e perda de acesso ao gás russo — fatores que minam sua força exportadora. 

      Risco de ruptura nos EUA

      Para Zepp-LaRouche, a intenção de Trump de reverter a desindustrialização causada por décadas de políticas neoliberais é legítima, mas os riscos de ruptura são grandes: “os EUA quase não têm pequenas e médias empresas, e sua capacidade produtiva está amplamente reduzida ao setor militar”. Além disso, a dívida nacional de US$ 37 trilhões e uma bolha de derivativos de US$ 2 quatrilhões tornam o sistema financeiro americano vulnerável. A imposição abrupta de tarifas pode acelerar falências e instabilidades, alerta a comentarista.

      Ela critica ainda os conselheiros econômicos da Casa Branca, como Peter Navarro, que projeta ganhos bilionários com as tarifas sem considerar as consequências de uma guerra comercial, e Stephen Miran, que propõe “convencer” credores estrangeiros a trocar títulos do Tesouro por papéis de 100 anos sem juros.

      A solução para evitar o colapso, segundo a comentarista, está no retorno a princípios sólidos da economia real: investimentos em ciência e tecnologia, inovação, exploração espacial e capacitação educacional. “Os sistemas educacionais dos EUA e da Europa precisam ser reorientados para esse fim”, diz ela.

      A maior ameaça, porém, é geopolítica. A especialista teme que o unilateralismo de Trump leve à fragmentação da economia mundial em blocos rivais, cada um engajado em guerras comerciais — um cenário de “perde-perde”.

      “Humanidade em primeiro lugar” deve ser a diretriz, afirma Zepp-LaRouche. Isso inclui investimentos conjuntos em infraestrutura, agricultura, ciência, saúde e educação, financiados por créditos produtivos. “Os desequilíbrios comerciais devem ser resolvidos aumentando o bolo, não o dividindo em partes menores. Uma abordagem cooperativa permitirá um resultado ganha-ganha para todos”, conclui.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados