Previsão de safra indica menor pressão sobre a inflação de alimentos em 2026
Projeções de IBGE e Conab para 2026 divergem, mas apontam oferta suficiente e menor pressão inflacionária
247 - As projeções para a safra agrícola de 2026 apresentadas pelo IBGE e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram resultados diferentes, mas caminham na mesma direção: a de que a produção deve ser suficiente para evitar pressões relevantes sobre a inflação de alimentos pelo lado da oferta. As informações são da jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo.
O IBGE estima uma colheita 3,7% menor do que a de 2025, totalizando cerca de 332,7 milhões de toneladas. A Conab, por outro lado, trabalha com cenário mais otimista e prevê 354,8 milhões de toneladas. Apesar da discrepância, ambas as projeções indicam um ano agrícola favorável, avalia Felippe Serigati, professor da FGV Agro.
“A expectativa é de uma boa safra. A deste ano foi recorde. Boa parte da produção ocorrerá sob clima neutro no Hemisfério Sul e no Hemisfério Norte, o que tende a favorecer a produção global. Com o câmbio estável, teremos uma fonte de pressão a menos sobre a inflação”, afirma Serigati.
O economista observa que mesmo as quedas previstas pelo IBGE na produção de arroz (-6,5%) e feijão (-1,3%) não devem comprometer o abastecimento. Entretanto, ele alerta para um fator que pode gerar tensões adicionais: o avanço da demanda por soja e milho para a produção de biocombustíveis.
“Os alimentos básicos da mesa do brasileiro não devem sofrer pressão de preços. Mas nas produções de soja, milho e cana-de-açúcar há uma disputa com a demanda por biocombustíveis. A informação sobre a safra de cana é que será menor, com o açúcar total recuperável (ATR) 4,5% inferior”, destaca.
Outro ponto de atenção é o comportamento futuro dos preços das carnes. Após contribuírem para segurar a inflação nos últimos meses — especialmente depois de oscilações expressivas —, os valores podem voltar a subir. Para Serigati, o movimento faz parte do ciclo pecuário, que agora entra numa etapa de retenção de fêmeas para reprodução, impulsionada pela valorização do bezerro.
“Em 2024, era mais rentável para o produtor abater a vaca do que mantê-la de pé, mas a recuperação do preço do bezerro tende a mudar esse quadro, o que pode ter efeito sobre os preços da carne”, explica.



