HOME > Economia

Redução de tarifas afeta 11% das exportações brasileiras para os EUA, diz CNI

Organização defende a continuidade das negociações com o governo norte-americano para chegar a um acordo comercial

Confederação Nacional da Indústria e outras entidades (Foto: Divulgação (CNI))

247 - A decisão do governo dos Estados Unidos de retirar tarifas recíprocas de 10% sobre uma série de commodities agrícolas repercutiu imediatamente entre setores exportadores brasileiros. A avaliação consta de uma análise divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacando que 11% das vendas do Brasil para o mercado norte-americano — o equivalente a US$ 4,6 bilhões — são afetadas pela medida. As infornações são do jornal O Globo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o fim das cobranças adicionais para itens como carne bovina, tomate, café, banana e açaí. Apesar disso, o Brasil segue submetido à tarifa punitiva de 40% ainda mantida por Washington. Segundo a CNI, essa continuidade reforça a necessidade de negociação imediata por parte do governo brasileiro, especialmente porque outros países, livres dessa sobretaxa, passam a ter vantagem competitiva.

A administração Trump justificou a retirada das tarifas recíprocas como forma de aliviar custos ao consumidor norte-americano, após a derrota republicana nas eleições locais deste mês. A iniciativa também evidencia que aumentos de preços foram pressionados pela própria política tarifária do governo americano.

De acordo com a CNI, a isenção anunciada abrange 238 produtos agrícolas, dos quais 80 são exportados pelo Brasil. Apenas quatro desses itens ficaram completamente livres de tarifas, enquanto os outros 76 seguem submetidos à cobrança de 40%, resultado de uma decisão da Casa Branca contra o governo brasileiro após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para os EUA, o caso caracterizaria perseguição e violação de direitos do ex-mandatário.

O presidente da entidade, Ricardo Alban, destacou a urgência de uma solução diplomática: “É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras”.

A lista de produtos contemplados inclui carne, café, hortaliças, frutas cítricas, castanha-do-Pará, cera de carnaúba, suco de laranja, fertilizantes e diversos insumos químicos usados no agronegócio. Para analistas do governo brasileiro, a decisão é bem-vinda, mas ainda insuficiente, já que a alíquota para produtos nacionais caiu apenas de 50% para 40%.

Enquanto isso, consumidores norte-americanos enfrentam preços mais altos: o café, por exemplo, custou quase 20% a mais em setembro na comparação anual, segundo dados oficiais dos EUA. As compras de café brasileiro também despencaram: entre agosto e outubro, houve retração de 51,5% frente ao mesmo período de 2024, conforme o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Artigos Relacionados