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Vorcaro e Bolsonaro são 'assuntos liquidados', avaliam banqueiros

Os maiores banqueiros do Brasil se reuniram no almoço anual da Febraban, na segunda-feira

Isaac Sidney (Foto: Reprodução (247))

247 - O tradicional almoço anual da Febraban, realizado em São Paulo na segunda-feira (24), reuniu os principais executivos do setor bancário brasileiro em um encontro marcado por debates sobre regulação e segurança do sistema financeiro. 

Segundo o Estadão, enquanto aguardavam a chegada do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, os banqueiros concentraram suas atenções na recuperação da liquidez do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) após a liquidação do Banco Master. Já sobre o futuro de Daniel Vorcaro, dono da instituição e preso desde o dia 18, prevaleceu a percepção de que sua situação já não causa inquietações. “Vorcaro era problema até a liquidação do banco, agora ele é assunto liquidado”, afirmou um dos presentes.

A mesma leitura foi aplicada a Jair Bolsonaro (PL), preso no sábado (22). Outro participante resumiu o clima ao dizer: “Da forma que ocorreu, com ferro de solda na tornozeleira eletrônica, não há nem o que falar”. Entre os banqueiros, a avaliação é de que ambos os episódios migraram definitivamente para o campo policial, e não econômico — e que o foco do setor segue direcionado para estabilidade, governança e números.

Na parte pública do encontro, Galípolo reforçou o papel do Banco Central no combate a fraudes e destacou que o trabalho de supervisão é permanente. “A obra de supervisão nunca está completa, não só da supervisão. O trabalho do Banco Central não tem ponto de chegada; é um ponto contínuo, é um movimento contínuo”, afirmou. Ele também elogiou a atuação da Polícia Federal e do Ministério Público, ressaltando que falhas bancárias podem acontecer em qualquer país. “Bancos são instituições falíveis. Acontece nos Estados Unidos, na Suíça. O importante é aprendermos e inovarmos para não repetirmos problemas”, acrescentou.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, também defendeu o fortalecimento da regulação e da integridade no sistema financeiro. “Um setor bancário forte depende de um setor regulador forte”, disse. Ele ainda elogiou a atuação de Galípolo à frente da autarquia: “Galípolo conseguiu elevar a régua da dignidade institucional do Banco Central”.

Nos bastidores, executivos comentaram que o antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto, poderia ter agido com mais rapidez diante dos problemas que levaram à liquidação do Master.

A ausência de Haddad e o clima entre banqueiros

Sem a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) — que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cúpula do G20 — parte dos desconfortos foi evitada. A relação entre o ministro e Galípolo permanece tensionada após divergências públicas sobre a taxa Selic. No encontro, Galípolo foi a figura central e respondeu a questionamentos sobre o ambiente regulatório.

Coube ao ministro interino da Fazenda, Dario Durigan, apresentar dados e ouvir comentários dos banqueiros. Ele destacou os avanços fiscais do governo ao afirmar: “Contra todo o ceticismo, cumprimos a meta de resultado primário em 2024 e vamos cumprir mais uma vez em 2025. Projetamos para 2026 o primeiro superávit em muitos anos que o País não tem”. Durigan reforçou ainda: “A gente não gosta de discurso ideológico vazio. A gente gosta de entrega”.

O evento contou também com as ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação), além do ministro Wolney Queiroz (Previdência). O clima, porém, foi mais contido do que em anos anteriores, em meio ao recente anúncio de corte de gastos, recebido com reservas pelo mercado.

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