Ella Bank, 1º banco digital voltado para mulheres empreendedoras, é lançado no Recife
Banco digital cria estrutura completa, com conta digital, cursos e mentorias, voltada para bancarizar mulheres de todo o país
247 - O Ella Bank iniciou oficialmente suas atividades nesta quarta-feira (19) no Recife, marcando a chegada ao primeiro banco digital brasileiro concebido exclusivamente para mulheres. A estreia ocorreu no Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, reforçando a proposta de promover inclusão econômica e fortalecer empreendedoras de diferentes perfis.
A plataforma foi estruturada ao longo dos últimos cinco anos no Porto Digital e autorizada pelo Banco Central (BC) a atuar como fintech. O investimento inicial foi de R$ 1,2 milhão, e a meta é alcançar 100 mil clientes nos próximos cinco anos.
Fintech reúne serviços digitais e edtech integrada
O Ella Bank combina conta digital, cartão virtual, transferências via Pix, pagamentos e abertura de contas para pessoas físicas e jurídicas. Pelo valor mensal de R$ 29,90, as correntistas poderão acessar todos os serviços bancários e a plataforma educacional. Desde setembro, quando o aplicativo começou a ser disponibilizado, cerca de 200 mulheres se cadastraram na fase de pré-lançamento. A campanha de ativação será ampliada em dezembro, com investimento de R$ 200 mil em ações digitais e institucionais. “Vamos entregar o que está pronto. O carro já está na rua. Agora é operar com disciplina e escalar com consistência”, afirmou a presidente, Rosana Bezerra.
Segundo ela, o foco está em mulheres desbancarizadas, sub-bancarizadas e microempreendedoras em processo de estruturação ou expansão de negócios. “Nosso foco é a emancipação financeira das mulheres, unindo serviços digitais, capacitação e suporte especializado”, declarou.
Capacitação será exclusiva para mulheres
Embora homens possam abrir conta, o acesso à plataforma educacional será restrito a mulheres. O processo de adesão é 100% digital, com envio de documentos, verificação facial e validação cadastral. Para contas empresariais, serão exigidos CNPJ e contrato social. A instituição também oferecerá conteúdo sobre formalização como MEI, previdência e direitos vinculados à atividade empreendedora. “Queremos conscientizar as empreendedoras sobre a importância de formalizar sua atividade. Isso dá acesso a direitos, proteção social e novas possibilidades de crescimento”, afirmou Rosana.
Trilhas de capacitação e formação
Nesta linha, a edtech do banco, chamada Universidade Ella, funcionará dentro do aplicativo. O conteúdo será dividido em cinco módulos - chamados de trilhas - compostos por formação inicial gratuita; cursos profissionalizantes; cursos técnicos com até 1.800 horas; graduação e pós-graduação em parceria com instituições reconhecidas pelo MEC; e mentorias individuais em áreas como gestão, tecnologia, finanças, entre outras.
Ao todo, serão disponibilizados mais de 50 cursos. Embora parte dos cursos sejam gratuitos, parte serão pagas, com desconto médio de 50% para correntistas e poderão ser parceladas em até 10 vezes. O modelo foi viabilizado pelo Funding Educacional Ella, com aprovação facilitada para as correntistas.
Crescimento previsto
O plano de negócios projeta captação mensal entre 1.000 e 1.500 clientes. Para o primeiro ano de operação, a previsão é de uma receita de cerca de R$ 12 milhões, com custo de R$ 9,5 milhões e lucro líquido estimado em R$ 1,7 milhão. No quinto ano, o faturamento projetado é de R$ 95 milhões, com margem operacional estimada em R$ 55 milhões.
O valuation será baseado na carteira ativa, estimada em R$ 3 mil por conta. A sociedade reúne a fundadora, o Grupo Teleport — responsável pela edtech — e o investidor Luís Othon Bastos. A próxima rodada de investimento está prevista para o primeiro semestre de 2026.
Estratégia combina B2C e articulação com lideranças femininas
A expansão seguirá dois eixos: um B2C, com campanha digital e atuação de influenciadoras; e outro B2B, conduzido diretamente pela presidência. “Nosso foco são empresárias que lideram equipes femininas. Em uma única parceria, podemos viabilizar o ingresso de centenas de clientes com acesso imediato a serviços bancários e capacitação”, explicou Rosana.
O banco também negocia com prefeituras e lideranças corporativas comandadas por mulheres. “Estamos dialogando com prefeituras que viram na proposta uma alternativa para promover formação e bancarização de mulheres em situação de vulnerabilidade”, afirmou.
Microcrédito e marketplace
Em 2026, o Ella Bank lançará uma linha de microcrédito orientado, com recursos de fundos internacionais. O crédito será condicionado à conclusão de cursos e apresentação de plano de negócio. “O crédito não será o ponto de partida. A cliente precisa entender como administrar os recursos antes de acessá-los”, destacou Rosana.
Além disso, a plataforma também contará com uma plataforma de negócios dentro do próprio aplicativo. O Marketplace Ella deverá ser lançado em 2026 e possibilitará que as correntistas divulguem produtos e serviços por meio de lojas virtuais vinculadas à conta digital.
Expansão internacional
Segundo Rosana, a plataforma também está em contato com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) visando introduzir o Ella Bank nestas regiões. O objetivo é que o serviço oferecido também possa incluir a oferta de microcrédito para as mulheres empreendedoras destes países a partir do próximo ano.



