“A partir do meu caso, acaba a indústria do cancelamento", diz Alysson Mascaro
Alvo de campanha difamatória movida pelo site The Intercept, jurista resistiu à tentativa de assassinato de reputação e conta sua história
247 – O jurista Alysson Mascaro, um dos principais pensadores da esquerda brasileira, relatou com coragem e intensidade a sua experiência como alvo de uma campanha de difamação promovida pelo site estadunidense The Intercept. Em entrevista exclusiva ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, Mascaro narrou como resistiu ao que classificou como “o maior processo de perseguição no século 21”.
"Fui vítima do maior processo de perseguição no século 21", afirmou Mascaro. "A máquina de perseguição me desenhou como alvo", prosseguiu. Ele comparou o episódio vivido ao emblemático caso da Escola Base, nos anos 1990: "O The Intercept cometeu o caso Escola Base do século 21. Ou o caso Escola Base é o caso Alysson Mascaro do século 20". Segundo o jurista, a campanha teve por objetivo destruir sua reputação e minar sua atuação intelectual e política. "O cancelamento acaba agora", declarou, de forma enfática.
Uma vida de preparo para resistir
Durante a entrevista, Alysson Mascaro refletiu sobre a construção de sua trajetória pessoal e intelectual. "A minha vida inteira eu me preparei para que minhas ideias cobrassem qualquer tipo de preço", disse. "Na minha vida inteira, eu tive lado: o de quem apanha, não o de quem bate", acrescentou. Ele reforçou seu compromisso com a esquerda e com a transformação social: "A minha vida inteira fui um homem de esquerda. A vida inteira eu lutei pela transformação social – e também dos afetos e dos sentimentos".
Mascaro também destacou seu orgulho em relação à sua identidade e sexualidade. "Eu me orgulho da minha sexualidade. Sou um homem bissexual e tenho orgulho", afirmou. "A sexualidade é tão plena que todas as pessoas podem ter afeto com qualquer ser humano. Porque eu anuncio isso, eu sou um perigo", explicou. Para o jurista, o moralismo foi uma arma de perseguição: "O moralismo vil e covarde mata as pessoas".
A tentativa de destruição e a resistência
O jurista relatou que a tentativa de assassinato de reputação teve motivações políticas e ideológicas profundas. "Perseguiram Lula, perseguiram Dilma, mas o plano de destruição da esquerda precisaria chegar às ideias", analisou. "O imperialismo me atacou porque quer destruir a intelectualidade crítica no Brasil", completou.
Alysson Mascaro também falou sobre o abandono institucional que sofreu. "Eu vi a universidade cuspir na minha cara, mas eu suportei", disse, referindo-se à sua suspensão pela USP. "Fui suspenso pela USP, o primeiro suspenso do século 21", destacou. Ainda assim, ele relatou momentos de solidariedade que o fortaleceram: "A emoção de ver o apoio na hora mais dramática da vida é inenarrável. Vi o pior e o melhor do ser humano. Eu tive meus Judas Iscariotes, eu tive meus traidores. Mas eu tive meu paraíso, eu tive quem me apoiou. Eu tive meus Josés de Arimateia. Eu tive quem me tirou da cruz".
A indústria do cancelamento sob ataque
Sobre o episódio, Mascaro foi categórico: "Pelo resto da vida, eu me devotarei a derrotar a indústria do cancelamento". Segundo ele, o seu caso representa um marco. "A partir do meu caso, acaba a indústria do cancelamento", afirmou. "Cheguei na hora-limite da minha vida", confidenciou.
Para Mascaro, a tentativa de cancelamento teve como combustível um moralismo hipócrita e uma esquerda que, em suas palavras, se rendeu ao neoliberalismo. "Há um neoliberalismo de esquerda, que se passa por esquerda, mas é direita – ou até extrema-direita", criticou. "A esquerda neoliberal é tão reacionária quanto a direita", completou.
Por fim, Alysson Mascaro afirmou que, apesar da dor, o processo de perseguição revelou-lhe o verdadeiro caráter das relações humanas e renovou seu compromisso com a luta. "As últimas ilusões que eu tinha, eu as perdi todas", afirmou. "Mas não perdi a esperança e vou lutar até o último dos meus dias para que nenhum outro ser humano tenha que enfrentar o que eu vivi". Assista:
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