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"Claudio Castro tem que ser afastado, preso e responder por todas as mortes", diz Jorge Folena

Jurista aponta o governador do Rio de Janeiro como responsável direto pelo massacre que matou mais de 120 pessoas

"Claudio Castro tem que ser afastado, preso e responder por todas as mortes", diz Jorge Folena (Foto: ABR)

247 – O advogado e cientista político Jorge Folena defendeu que o governo federal intervenha imediatamente no Rio de Janeiro e afaste o governador Claudio Castro, a quem atribui responsabilidade direta pela tragédia na Vila Cruzeiro. “É caso de intervenção federal no Rio de Janeiro”, afirmou no Giro das 11, da TV 247, programa no qual detalhou sua leitura constitucional e política sobre o colapso da segurança pública e a chacina comandada pelo governo do Rio de Janeiro.

Folena credita a escalada de violência a uma operação policial planejada politicamente pelo governo estadual. “Eles pensaram e organizaram toda essa tragédia”, disse, lembrando que o secretário de Segurança teria declarado, de forma debochada, que “inocentes vão morrer”. Para o jurista, a situação configura “comprometimento total da ordem pública”, hipótese expressa na Constituição para decreto de intervenção federal civil e afastamento do governador.

Intervenção federal já

Folena sustenta que somente o governo federal pode restaurar a normalidade institucional. “É caso de intervenção no governo do Rio de Janeiro”, disse, frisando que a medida não se limita ao setor da segurança. Ele cita o artigo 35 da Constituição como base para o afastamento de Claudio Castro diante do pânico generalizado, do fechamento do comércio e da paralisia urbana relatados no programa.

Segundo Folena, Claudio Castro “mentiu vergonhosamente” ao afirmar que teria solicitado apoio de Brasília. De acordo com a legislação que rege a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o governador deve declarar por decreto o esgotamento das forças estaduais — o que não ocorreu. “Ao contrário, ele empregou 2.500 policiais para tocar o terror”, afirmou.

Repetição do padrão de violência

O jurista lembrou operações anteriores com dezenas de mortos — Jacarezinho (2021) e Complexo do Cruzeiro (2022) — e acusou o governador de usar o extermínio como plataforma política. “Ele tenta ressuscitar o bolsonarismo com a retórica do ‘bandido bom é bandido morto’ e do ‘tiro na cabecinha’.”

“A esquerda sabe enfrentar o crime sem matar”

Folena rebateu o discurso de que a esquerda seria conivente com o crime. Recordou que, em 2002, no governo Benedita da Silva, o traficante Elias Maluco — responsável pela morte do jornalista Tim Lopes — foi preso sem que um disparo fosse efetuado. Para ele, o caminho passa por inteligência, investigação financeira e políticas sociais, não por “operações de extermínio”.

Questionado sobre GLO, Folena explicou que não é o caso: o próprio governo estadual não reconheceu incapacidade de suas forças e, em vez disso, planejou e executou a ação. Portanto, a solução, segundo o jurista, é o decreto presidencial de intervenção, com o afastamento de Claudio Castro e a responsabilização pelas mortes.

Para Folena, a Alerj “não tem condições morais nem políticas” de agir, por estar alinhada ao mesmo projeto. “O Rio virou refém do próprio Estado. Isso não é enfrentamento ao crime, é terrorismo de Estado”, declarou. Assista:

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