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Guido Mantega: gestão de Haddad na Fazenda foi um sucesso

Atual ministro da Fazenda, Haddad deve deixar a pasta em fevereiro

Lula, Guido Mantega e Fernando Haddad (Foto: ABR)

247 - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou, em entrevista à TV 247, que a gestão de Fernando Haddad à frente da pasta foi bem-sucedida, apesar do ambiente político adverso no Congresso Nacional e das duras restrições fiscais.

Na avaliação de Mantega, Haddad teve um desempenho positivo mesmo diante de um Parlamento majoritariamente hostil ao governo, de ataques constantes da oposição e de uma herança econômica complexa deixada pela administração anterior, conseguindo, ainda assim, apresentar resultados relevantes nas áreas social e econômica.

“Ele enfrentou uma situação muito difícil, trabalhar com um Congresso que joga contra você, que dificulta, que te obriga a engolir legislações, te obriga a pagar 60 bilhões de emendas, é muito difícil”, declarou. 

Segundo ele, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o mandato sob forte desconfiança de setores econômicos e políticos que apostavam no fracasso da gestão. Apesar disso, o ex-ministro ressaltou que houve avanços consistentes. 

“O governo fez muita coisa, fez o país crescer mais. Do ponto de vista social, foi muito bem-sucedido”, disse. Mantega citou a redução da pobreza, o aumento dos salários e a elevação da massa salarial como indicadores de que a política econômica teve impacto direto sobre a vida da população. “Saiu gente da miséria, da pobreza, é um sucesso social e mesmo econômico, levando em consideração as dificuldades”, completou.

Ao abordar o primeiro ano de Haddad no comando da Fazenda, Mantega lembrou que o ministro herdou passivos expressivos da gestão anterior. “Ele pegou a economia em 2023 com a herança maldita que o Bolsonaro deixou na área econômica. Deixou contas que não pagou, precatórios, deixou mais ou menos uns 160 bilhões de dívida que ele não pagou para o governo novo”, afirmou. 

Segundo ele, o novo governo não apenas quitou esses compromissos como injetou recursos na economia, impulsionando o consumo.

Mantega também destacou o crescimento econômico registrado em 2023, mesmo com crises relevantes no setor privado. “No primeiro ano, o Haddad pegou inclusive aquela crise financeira das Americanas, a Light quebrando, e aí atrapalharam a economia, o mercado de capitais e tudo mais. Mesmo assim, a economia cresceu 3,2% em 2023”, afirmou.

Outro ponto enfatizado foi a aprovação da reforma tributária, considerada histórica. “Eu tentei fazer duas vezes enquanto era ministro e não consegui. Ele conseguiu fazer”, disse Mantega. Para ele, as concessões feitas por Haddad foram decisivas para viabilizar a reforma. “O ótimo é inimigo do bom. Você faz uma, mas é uma reforma que vai melhorar muito as condições do país”, avaliou.

O ex-ministro também elogiou medidas voltadas à justiça tributária. “Ele viabilizou a redução do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 e conseguiu fazer isso porque taxou os mais ricos”, afirmou. Mantega destacou a taxação de lucros e dividendos, das offshores e das empresas de apostas como mudanças estruturais. “O grande problema que nós temos aqui é que os mais ricos não pagam impostos. Ele começou a corrigir isso”, disse.

Na avaliação de Mantega, independentemente dos próximos passos políticos de Fernando Haddad, sua passagem pelo Ministério da Fazenda já ocupa um lugar relevante na história recente da política econômica brasileira. 

Haddad confirmou no dia 18 de dezembro que pretende deixar o governo em fevereiro. Em café com jornalistas, ele afirmou que pretende colaborar com a campanha de reeleição do presidente Lula em 2026 e que a atividade seria incompatível com a função atual. Assista: 

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