União Europeia pede mais tempo e Haddad diz que "vale a pena esperar" por acordo com Mercosul
Governo avalia que União Europeia busca ganhar tempo para fechar acordo
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (18) que o Brasil pode aguardar um desfecho para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, caso os países europeus precisem de mais tempo para resolver impasses internos. "Vale a pena esperar", disse o ministro sobre o assunto. A avaliação acompanha o tom adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que demonstrou maior cautela diante das resistências políticas enfrentadas por governos do bloco europeu. As informações são do UOL.
Segundo Lula, a mudança de postura ocorreu após uma conversa com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que relatou dificuldades internas relacionadas à pressão de agricultores contrários ao acordo. “Ela ponderou para mim que não é contra, apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo”, afirmou o presidente à imprensa nesta quinta-feira.
Lula adota tom mais cauteloso após diálogo com a Itália
No atual cenário, o governo brasileiro avalia que a União Europeia busca ampliar o prazo para concluir as negociações. Após a declaração de Lula, Meloni afirmou que “o governo italiano está pronto para assinar o acordo” e destacou que isso ocorrerá “assim que as necessárias respostas forem dadas aos agricultores”.
Apesar do sinal positivo vindo da Itália, o principal entrave permanece com a França. Haddad relatou ter entrado em contato direto com o presidente francês, Emmanuel Macron, para destacar que o tratado ultrapassa interesses comerciais. “Ontem eu não resisti mandar uma mensagem pra ele, dizendo que o que está em jogo é muito mais do que um acordo comercial, é um acordo de natureza política, com um sinal claro para o mundo de que nós não podíamos nos voltar a ter um ambiente de tensão entre dois blocos fechados”, disse o ministro.
França segue como principal foco de resistência
Ao detalhar a troca de mensagens, Haddad afirmou que insistiu na importância do diálogo. “Nós tínhamos que abrir essa seara na esperança”, relatou. Segundo o ministro, a resposta de Macron foi cordial. “Ele respondeu muito gentilmente, dizendo que tinha maior apreço pelo Brasil e que havia necessidade de mais conversas.”
Haddad também rebateu as críticas de setores agrícolas europeus, especialmente na França e na Itália, que pressionam seus governos a rejeitar o acordo. “Não há prejuízo para os agricultores italianos e franceses”, afirmou. Ainda assim, reconheceu que profissionais do setor têm exigido mudanças. Macron chegou a declarar que o acordo pode representar riscos para segmentos específicos da economia francesa.



