HOME > Entrevistas

“Milícias e facções só dominam porque são protegidas”, diz Carlos Minc

Deputado estadual afirma, em entrevista à TV 247, que a proteção institucional no Rio envolve autoridades de várias esferas do poder. Assista

Carlos Minc (Foto: minc.com.br)

247 - No rastro de operações contra o crime organizado e de prisões de grande repercussão no Rio de Janeiro — como a do deputado estadual e presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, atualmente detido, e a do desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) — ganha força o debate sobre os fatores que, na prática, sustentam a permanência de facções criminosas e milícias em territórios submetidos ao controle armado no estado. 

Para o deputado estadual do Rio de Janeiro e ex-ministro Carlos Minc, em entrevista à TV 247, a consolidação dessas estruturas ilegais está menos associada à ideia de uma “força paralela” e mais à existência de mecanismos de proteção incrustados no próprio Estado. “As milícias e as facções só comandam esses territórios há tanto tempo e de forma tão ostensiva, porque eles estão cobertos no parlamento, na polícia e no judiciário”, disse.

Para Minc, o controle territorial exercido por milícias e facções se apoia em uma estrutura que atravessa diversas instâncias formais de poder. Segundo ele, a “chefia da polícia” aparece como ponto decisivo para travar ou permitir investigações, especialmente quando a apuração exige autonomia técnica e continuidade. 

Além da perícia independente, Minc afirmou que políticas públicas capazes de reduzir violência, com investigação, proteção e inteligência, sofrem abandono orçamentário e institucional. “Eu aprovei a lei do programa de proteção testemunha. Há 5 anos o governo não põe R$ 1 no programa”, lamentou. 

Minc também citou iniciativas que, em sua avaliação, poderiam resultar em um patamar mais elevado de segurança pública: “Eu aprovei a lei que legalizou o disque-denúncia. Centenas de líderes de facção e de milícias foram presos com ação do disque denúncia sem matar um jovem periférico”. 

Ele descreveu o método: “Porque alguém dizia: ‘Olha, tal miliciano ou tal chefe de facção vai estar tal dia no enterro da avó, na casa da amante, no dentista, ia lá a polícia pegava o cara’".

Ao contrapor esse modelo ao de operações de alta letalidade, o deputado argumentou que parte das ações não se orienta por prisões e controle territorial duradouro. “Três dias depois tinha uma fila de gente para ocupar o lugar dos mortos”, afirmou. Minc resumiu sua tese como um encadeamento institucional que sustenta a violência e a permanência de facções e milícias no estado. Assista: 

 

Artigos Relacionados