“Prisão de Vorcaro implode o sistema político do DF”, diz Cappelli
Ex-interventor no DF avalia investigações sobre o Banco Master, que atingem o núcleo político da direita em Brasília e podem revelar rombo bilionário
247 - A repercussão da prisão do banqueiro Daniel Vorcaro e da liquidação do Banco Master mobiliza o cenário político do Distrito Federal. Em entrevista à TV 247, Ricardo Cappelli, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor federal na Segurança Pública do DF em 8 de janeiro, analisou como o caso pode remodelar a disputa eleitoral local.
Um suposto rombo e sua força política
Cappelli iniciou relatando que, ao ver a notícia de que um banco desconhecido, o Fictor, teria comprado o Banco Master, percebeu que “vinha coisa”. Ele lembrou que a instituição tinha patrimônio declarado de apenas R$ 4 milhões e aparecia como compradora de um banco avaliado em cerca de R$ 3 bilhões. Segundo ele, aquilo era “mais um factoide, mais uma manobra”.
O ex-interventor afirmou que recebeu informações de que toda a diretoria do BRB foi afastada pela Polícia Federal. Ele relatou também conhecer dados preliminares sobre supostos prejuízos relacionados às operações preparatórias entre o BRB e o Banco Master. “A informação que eu tenho é que o BRB teria adquirido ativos do Master no valor aproximado de R$ 11 bilhões, que valeriam no máximo R$ 3 bilhões”, disse. Em suas palavras, caso isso se confirme, “estaremos diante de um golpe de R$ 8 bilhões”.
Repercussão direta no núcleo político do DF
Questionado sobre o impacto da prisão de Vorcaro nas articulações para a eleição de 2026, Cappelli foi categórico ao apontar a origem das nomeações e vínculos políticos envolvidos. “A informação que eu tenho é que Daniel Vorcaro foi uma indicação construída pelo senador Ciro Nogueira para o BRB, que é do partido de Celina Leão”, declarou, citando a legenda da vice-governadora, pré-candidata ao governo.
Ele afirmou que a operação mexe profundamente com o bloco que comanda o Distrito Federal. “Isso vai mexer com todo o quadro político, porque eles vão ter que explicar por que tentaram comprar um banco quebrado que agora foi liquidado pelo Banco Central com R$ 2 bilhões do povo do DF”, disse. A seu ver, caso a PF confirme as suspeitas, “isso não vai ter só desdobramento político, isso vai botar gente na cadeia”.
Cappelli questionou ainda quem seriam os beneficiários das transações: “Quem ganhou comissão com a venda desses papéis? Para onde foi esse dinheiro?”.
Um processo ainda em desenvolvimento
Durante a entrevista, surgiram novidades relatadas em tempo real, como a prisão de Augusto Lima, sócio de Vorcaro, e seu vínculo familiar com a ex-parlamentar Flávia Arruda. O ex-interventor avaliou que esses fatos reforçam a dimensão política do caso.
Em sua análise final, Cappelli afirmou que o avanço das investigações abre caminho para revelações ainda mais amplas. “Eu tenho a convicção de que essa operação é só o começo. Ela vai revelar muito mais coisa”, declarou. Segundo ele, o afastamento da diretoria do BRB permitirá aprofundar a apuração sobre “toda a lambança que foi feita”.
O ex-secretário concluiu observando que, se o rombo estimado se confirmar, o episódio poderá representar “um dos maiores crimes financeiros da história do Brasil”, atingindo diretamente o governo do Distrito Federal e seu núcleo político. Assista:



