China adverte que Japão pagará “preço insuportável” se intervier no Estreito de Taiwan
Militares chineses acusam primeira-ministra Sanae Takaichi de violar a soberania da China e ameaçar a ordem do pós-guerra
247 – A China elevou o tom contra o Japão após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que afirmou no Parlamento que o uso de força pela China continental contra Taiwan poderia configurar uma “situação de ameaça à sobrevivência” do Japão. As informações foram publicadas pelo Global Times, com base em editorial de primeira página do PLA Daily, jornal oficial do Exército de Libertação Popular da China.
O editorial afirma que, se o Japão “ousar tentar uma intervenção armada na situação do Estreito”, estará cometendo “um ato de agressão”, diante do qual a China responderia com um “contra-ataque resoluto”.
Críticas severas a Takaichi e acusação de violação da soberania chinesa
Segundo o PLA Daily, as declarações de Takaichi representariam uma violação direta da política de Uma Só China, dos quatro documentos políticos China-Japão e das normas básicas das relações internacionais. O jornal descreve as falas como:
- “uma interferência descarada nos assuntos internos da China”;
- “um desafio aos interesses centrais da China”;
- “uma afronta séria à justiça internacional”;
- “uma provocação flagrante à ordem do pós-Segunda Guerra Mundial”.
O texto alerta que “o lado japonês deve corrigir e retratar imediatamente as observações errôneas” e acrescenta: “Caso contrário, todas as consequências daí resultantes deverão ser assumidas pelo lado japonês.”
O editorial argumenta ainda que as declarações de Takaichi seriam “extremamente maliciosas”, revelariam “a natureza profundamente escandalosa” de sua postura e exporiam “a tentativa da direita japonesa de intervir militarmente no Estreito de Taiwan”.
Taiwan como questão interna chinesa e pilar da ordem do pós-guerra
O PLA Daily destaca que 2025 marca os 80 anos da vitória chinesa na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa e da restauração de Taiwan à China. O jornal afirma que:
“A questão de Taiwan é puramente um assunto interno da China, e a forma de resolvê-la diz respeito apenas ao povo chinês, sem permitir interferência de forças externas.”
O editorial ressalta que Takaichi tornou-se a primeira líder japonesa desde 1945 a afirmar publicamente que “uma contingência em Taiwan é uma contingência para o Japão”, ignorando fatos históricos e contemporâneos.
Acusações de militarização e ameaça à estabilidade regional
O texto também critica a rápida expansão militar japonesa, afirmando que o país busca transformar-se em uma “nação militarizada”, rompendo com sua Constituição pacifista. Como exemplos, aponta:
- revisão dos três principais documentos de segurança nacional;
- desenvolvimento de armas ofensivas;
- aumento acelerado dos gastos militares para 2% do PIB.
Segundo o PLA Daily, essa trajetória converte o Japão em “uma fonte significativa de instabilidade regional”.
Advertência final: “preço insuportável”
A advertência mais contundente do texto ocorre na conclusão, ao afirmar que o Exército de Libertação Popular — cuja missão inclui garantir a soberania e a reunificação do país — possui capacidade para “esmagar decisivamente qualquer interferência externa” relacionada a Taiwan.
O editorial questiona se o Japão pretende “repetir os erros do militarismo” e “transformar novamente o povo chinês e os povos asiáticos em inimigos”.
E encerra com a frase mais dura do comunicado:
“Se o Japão se recusar a aprender as lições da história e ousar tomar ações imprudentes, incluindo intervenção militar no Estreito, estará brincando com fogo e sofrerá um preço insuportável.”




