Parceria entre Brasil 247 e Global Times

HOME > Global Times

China reage a declarações de Sanae Takaichi e adverte que intervenção no Estreito de Taiwan seria ato de invasão

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirma que Japão violaria o princípio de Uma Só China e enfrentaria forte reação de Pequim

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês , Lin Jian - 20/03/2024 (Foto: REUTERS/Tingshu Wang)

247 – A China elevou o tom das críticas ao governo japonês após declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre um possível “estado de ameaça à sobrevivência” caso haja uso de força militar pela China continental no Estreito de Taiwan. A resposta oficial partiu do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, em coletiva realizada nesta quinta-feira. A informação foi publicada originalmente pelo Global Times.

Segundo o porta-voz, caso o Japão “ouse intervir militarmente na situação do Estreito de Taiwan”, isso constituiria “um ato de invasão” e seria respondido por uma “forte resistência da China”. As afirmações surgem em reação direta à fala de Sanae Takaichi no Parlamento japonês, quando ela reiterou que não retiraria comentários anteriores sobre a possibilidade de intervenção em defesa de Taiwan.

China acusa Japão de violar princípio de Uma Só China

Durante a coletiva, Lin Jian afirmou que Takaichi fez “declarações provocativas” e insinuou uma eventual intervenção militar japonesa no Estreito de Taiwan. Ele observou que, mesmo após protestos formais de Pequim, a primeira-ministra japonesa “permaneceu obstinada e recusou-se a retirar sua declaração”.

O porta-voz foi categórico ao dizer: “Tais palavras e ações errôneas violam gravemente o princípio de Uma Só China, contrariam o espírito dos quatro documentos políticos entre China e Japão e desafiam os interesses centrais da China.”

Lin acrescentou que essas atitudes representam interferência direta nos assuntos internos chineses e um ataque à soberania do país. “A China se opõe firmemente e jamais tolerará isso”, afirmou.

Porta-voz questiona intenções japonesas e cita crimes históricos

O Ministério das Relações Exteriores chinês também lembrou que 2025 marca os 80 anos da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da restauração de Taiwan à China, destacando o passado colonial japonês e as atrocidades cometidas na ilha.

Lin Jian acusou o Japão de, historicamente, utilizar justificativas como a expressão “ameaça à sobrevivência” para promover agressões militares, inclusive na invocação do direito de autodefesa que desencadeou o Incidente de 18 de Setembro e a subsequente guerra de invasão contra a China.

O porta-voz lançou uma série de perguntas diretas sobre as intenções de Takaichi: “Quando Takaichi volta a levantar a chamada ‘situação de ameaça à sobrevivência’, qual é exatamente sua intenção? O Japão pretende repetir o velho caminho do militarismo? Procura novamente voltar-se contra os povos asiáticos? Busca reverter a ordem internacional do pós-guerra?”

“Taiwan é a China”: Pequim reforça que não aceitará interferência externa

Lin Jian reafirmou o princípio central da política chinesa: “Taiwan é a Taiwan da China.” Segundo ele, a forma como a questão de Taiwan será resolvida é assunto exclusivamente interno, e nenhum país terá permissão para interferir.

O porta-voz classificou a postura do governo japonês como “uma afronta aberta à ordem internacional do pós-guerra e um grave prejuízo às relações China-Japão”.

Ele também reforçou que a China agirá dentro do marco legal internacional: “Exerceremos resolutamente nosso direito de autodefesa conforme a Carta da ONU e o direito internacional, defendendo firmemente nossa soberania e integridade territorial.”

Advertência final: “Quem brincar com fogo se queimará”

Em seu recado mais duro, Lin Jian pediu que o Japão “reflita profundamente sobre seus crimes históricos”, pare de interferir nos assuntos internos chineses e cesse “declarações provocativas que cruzam a linha”.

O porta-voz concluiu com um aviso direto: “Aqueles que brincam com fogo na questão de Taiwan acabarão queimados.”

Artigos Relacionados