China e Rússia reforçam coordenação estratégica e alinham posições sobre o Japão
Países aprofundam parceria em segurança e condenam tentativas de reabilitar o militarismo japonês
247 – China e Rússia realizaram, nesta terça-feira (2), em Moscou, a 20ª rodada de consultas de segurança estratégica. O encontro reuniu o chanceler chinês Wang Yi e o secretário do Conselho de Segurança russo, Sergey Shoigu, em um momento de forte tensão geopolítica.
A informação foi publicada originalmente pelo jornal Global Times.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, os dois países fizeram discussões abrangentes sobre temas sensíveis de segurança, alcançaram novos consensos e decidiram elevar ainda mais o nível da cooperação estratégica. O diálogo ocorre em meio a um cenário global descrito por analistas chineses como “turbulento e imprevisível”, no qual Pequim e Moscou buscam ampliar estabilidade e previsibilidade.
Xi e Putin impulsionaram avanços estratégicos em 2025
Wang Yi, que integra o Bureau Político do Partido Comunista da China e dirige o Escritório da Comissão Central para Assuntos Exteriores, destacou que as relações sino-russas “alcançaram um desenvolvimento de alto nível” neste ano.
Ele lembrou que a cooperação bilateral girou em torno das celebrações dos 80 anos da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Segunda Guerra Mundial, com intensa agenda de intercâmbios de alto nível. Wang ressaltou ainda que os encontros entre o presidente Xi Jinping e o presidente Vladimir Putin — realizados em Moscou e Pequim — deram direção política clara para que os laços entre os dois países seguissem estáveis em meio às incertezas internacionais.
O chanceler afirmou que China e Rússia devem “consolidar a confiança estratégica, aprofundar a boa vizinhança, expandir a cooperação mutuamente benéfica, enfrentar novas ameaças emergentes e defender a paz e a estabilidade global”.
Shoigu: parceria alcançou nível sem precedentes
Shoigu avaliou que o ambiente geopolítico internacional passa por “evoluções complexas”, com desafios crescentes no campo da segurança.
De acordo com a nota do Ministério das Relações Exteriores chinês, ele afirmou que a coordenação estratégica entre Rússia e China atingiu “um nível sem precedentes”, sempre baseada no “respeito mútuo” e livre de interferências externas.
Shoigu também declarou que Moscou “adere firmemente ao princípio de uma só China” e apoia as posições chinesas sobre Taiwan, Xizang, Xinjiang e Hong Kong.
Pequim e Moscou alinham posições sobre o Japão
Durante a rodada de consultas, os dois países também fizeram um alinhamento estratégico específico sobre temas relacionados ao Japão. Segundo a chancelaria chinesa, houve “alto grau de consenso” diante de preocupações comuns.
Ambos condenaram “palavras e atos errôneos que tentam branquear a história de agressão colonial” e se posicionaram firmemente contra “tentativas de retorno do fascismo e do militarismo japonês”.
O professor Li Haidong, da Universidade de Relações Exteriores da China, disse ao Global Times que o mecanismo de consultas estratégicas é “essencial” para reforçar a parceria de coordenação na nova era. Segundo ele, o alinhamento entre os dois países eleva a eficácia da cooperação em questões de interesse vital para ambos e contribui para maior estabilidade global.
Tensões na Ásia-Pacífico agravam necessidade de coordenação
Analistas ouvidos pelo Global Times apontaram que a escalada de tensões na Ásia-Pacífico torna a comunicação entre Rússia e China ainda mais necessária.
O texto cita declarações recentes da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi sobre Taiwan, consideradas equivocadas por Pequim, além do agravamento das relações entre Rússia e Japão por causa da disputa territorial das Ilhas Curilas.
No último dia 28, a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, afirmou que a visita de Wang Yi à Rússia visa implementar os entendimentos firmados por Xi e Putin, aprofundar a troca de visões sobre temas internacionais e regionais e fortalecer a coordenação bilateral de segurança.
Consulta estratégica impulsiona multipolaridade, diz especialista
Li Haidong também destacou que o mecanismo contribui para o desenvolvimento de uma ordem internacional mais equilibrada. Para ele, a coordenação sino-russa “avança a tendência global rumo à multipolaridade” e representa “um passo eficaz na construção de um sistema de governança global mais inclusivo, sustentável e equilibrado”.




