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Jeffrey Sachs: “O desenvolvimento da China deve ser acolhido, não temido”

Economista dos Estados Unidos critica visão de soma zero, elogia planejamento chinês e defende cooperação como base para um crescimento global sustentável

Jeffrey Sachs: “O desenvolvimento da China deve ser acolhido, não temido” (Foto: Reuters)

247 – O economista norte-americano Jeffrey Sachs afirmou que a ascensão da China deve ser vista como uma oportunidade para o mundo, e não como uma ameaça, ao criticar a lógica de soma zero que ainda domina parte do debate geopolítico internacional. As declarações foram publicadas pela agência Xinhua.

Segundo Sachs, a economia global não funciona como um jogo em que o avanço de um país necessariamente implica a perda de outro. “O desenvolvimento da China deve ser acolhido, não temido”, afirmou o economista, ao sustentar que a prosperidade moderna não depende da disputa por recursos escassos, mas de fatores como tecnologia, qualificação profissional e governança eficaz.

Diretor do Center for Sustainable Development da Universidade Columbia, Sachs destacou que a visão de mundo baseada no conflito permanente tem raízes em ideias do darwinismo social que ganharam força nos séculos 19 e início do 20. Para ele, essa concepção está ultrapassada. “A ideia de que a vida é inevitavelmente uma luta, de que é ‘eles ou nós’, simplesmente não é verdadeira”, disse.

Ao comentar o modelo de desenvolvimento da China, Sachs afirmou que a experiência chinesa oferece lições relevantes para a governança global. Ele ressaltou o papel do planejamento de longo prazo, com metas estabelecidas em horizontes de cinco e dez anos, que orientam políticas para setores estratégicos, indústrias e tecnologias-chave. Esse método, segundo ele, permitiu que o país se tornasse líder mundial em diversas áreas emergentes.

Para o economista, o sucesso chinês demonstra que é possível promover crescimento econômico sustentado por meio de investimentos contínuos e planejamento estatal, sem prejudicar outros países. Nesse contexto, Sachs criticou a retórica que trata a China como inimiga, observando que ela costuma ser difundida por pessoas que nunca visitaram o país.

“My advice to the U.S. Congress is simple: Get a passport, go see the world and look at how things really are”, afirmou, em uma crítica direta à postura de setores da política norte-americana.

Olhando para o futuro, Sachs defendeu uma reorganização da ordem internacional baseada na cooperação, e não no confronto. “O que eu imagino é um mundo de cooperação regional, em que as regiões se integrem internamente, permanecendo abertas umas às outras”, disse.

Na visão do economista, um sistema global formado por regiões interconectadas, que busquem prosperidade e segurança por meio da coordenação e da colaboração, é muito mais sustentável do que modelos assentados na rivalidade geopolítica ou na dominação unilateral, além de ser mais benéfico para o desenvolvimento de todos os países envolvidos.

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