Elite mundial responde por 77% das emissões de carbono, aponta relatório
Mais pobres, que quase não contribuem para o aquecimento do planeta, estão entre os que mais sofrem seus efeitos
247 - O novo Relatório da Desigualdade Global, elaborado pela rede World Inequality Lab da Paris School of Economics, revela a dimensão do desequilíbrio entre responsabilidade climática e impacto social. Produzido por mais de 200 pesquisadores sob coordenação da equipe do economista francês Thomas Piketty, o documento mostra que as emissões globais associadas ao capital privado estão concentradas nas mãos dos mais ricos.
Segundo o estudo, enquanto a metade mais pobre da população mundial responde por apenas 3% das emissões decorrentes da propriedade de capital — como participação em empresas e aplicações financeiras —, os 10% mais ricos são responsáveis por 77% desse total. O dado mais impressionante, porém, está no topo absoluto da pirâmide: o 1% mais rico sozinho concentra 41% das emissões, quase o dobro do volume emitido pelos 90% mais pobres juntos.
O relatório evidencia que a crise climática é atravessada por desigualdades profundas. A disparidade entre quem contribui para o problema e quem sofre suas consequências mais duras é marcada por um abismo social. Como destaca o documento, “aqueles que menos emitem, em grande parte as populações de países de baixa renda, são também os mais expostos aos impactos climáticos. Enquanto isso, os mais poluentes estão protegidos, com recursos para se adaptar ou evitar as consequências das mudanças climáticas”.



