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"Caiu a casa do Moro", afirma Noblat

“Senador sempre disse que as acusações de grampo ilegal eram ‘relatos fantasiosos’. Não são”, diz o jornalista

Tony Garcia, Sergio Moro e Ricardo Noblat (Foto: Reprodução | ABR | Sérgio Amaral/Divulgação)

247 - O jornalista Ricardo Noblat afirmou que as recentes revelações sobre o material apreendido pela Polícia Federal na 13ª Vara Federal de Curitiba desmontam a versão sustentada pelo ex-juiz parcial e hoje senador Sergio Moro (União-PR) ao longo dos últimos anos sobre acusações de grampos ilegais contra autoridades com foro privilegiado. Em postagem nas redes sociais, Noblat declarou que “caiu a casa do Moro” diante da documentação agora tornada pública.

O comentário de Noblat foi feito após a divulgação de informações sobre relatórios, mídias e despachos encontrados pela Polícia Federal durante operação de busca e apreensão determinada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). O material reforça suspeitas de que, quando era juiz federal, Moro teria autorizado e reiterado escutas ambientais envolvendo autoridades que só poderiam ser investigadas com autorização de tribunais superiores.

Na avaliação do jornalista, a documentação contradiz frontalmente a defesa apresentada por Moro desde que as denúncias vieram à tona. “Senador sempre disse que as acusações de grampo ilegal eram ‘relatos fantasiosos’. Não são”, escreveu Noblat, ao comentar o conteúdo apreendido pela Polícia Federal.

Segundo o jornalista, os documentos mostram que o então juiz utilizou delatores para gravar autoridades com prerrogativa de foro no Paraná. “Documentos mostram que ex-juiz grampeou autoridades com foro usando delatores no Paraná”, afirmou.

Noblat destacou ainda um ponto central revelado pelas investigações: a existência de um despacho de julho de 2005 no qual Moro determina a repetição das escutas. “Em julho de 2005, Moro exige que o colaborador Tony Garcia tentasse gravar ‘novamente’ presidente do TCE-PR, Heinz Herwig, alegando que as gravações anteriores eram ‘insatisfatórias para os fins pretendidos’”, escreveu.

A postagem também lembra que a primeira gravação envolvendo o então presidente do Tribunal de Contas do Paraná ocorreu em fevereiro de 2005. À época, Heinz Herwig ocupava cargo com foro privilegiado, o que exigiria autorização do Superior Tribunal de Justiça para qualquer tipo de investigação, autorização que, segundo a apuração, não existiu.

As revelações se somam a outros elementos já tornados públicos, como a transcrição integral do áudio entre Tony Garcia e Heinz Herwig e a constatação de que parte relevante do material permaneceu guardada fora dos autos oficiais por anos. Moro, hoje senador, sempre negou irregularidades e classificou as acusações como “fantasiosas”, posição que, segundo Noblat, não se sustenta diante das evidências agora conhecidas.

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