Confira os destaques da entrevista coletiva do presidente Lula nesta semana
Presidente diz que vetará o PL da dosimetria, promete rigor contra fraudes no INSS, defende o fim da escala 6x1 e reafirma que não privatizará os Correios
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu nesta semana uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, em encontro com jornalistas que fazem a cobertura diária do governo. O encontro reuniu mais de 80 profissionais entre repórteres, cinegrafistas e fotógrafos.
Na conversa, Lula fez um balanço de 2025, comentou a articulação do governo com o Congresso, abordou temas econômicos e sociais e respondeu a perguntas sobre investigações, política externa e eleições. A seguir, os principais destaques.
Lula afirma que vetará o PL da dosimetria ligado ao 8 de janeiro
Questionado sobre o PL da dosimetria aprovado no Congresso, o presidente foi taxativo ao indicar que não sancionará a proposta.
“Hora que chegar na minha mesa, eu vetarei, tá?”, afirmou Lula.
Ele argumentou que ainda há etapas a cumprir no processo de responsabilização pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e que o país não pode tratar o tema como algo a ser apagado.
“Eu acho que nós precisamos levar muito a sério o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023. E tem gente que quer que a gente esqueça, mas a gente não pode esquecer”, declarou.
Fraude no INSS: “Ninguém ficará livre… se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”
Lula também respondeu sobre a operação que apura descontos indevidos e esquemas envolvendo o INSS e o Ministério da Previdência. Ele afirmou que a investigação foi impulsionada pelo próprio governo e disse que o caso está sendo tratado com seriedade.
“A decisão de apurar esse fato foi do governo”, disse.
O presidente prometeu rigor total e afirmou que ninguém terá proteção política.
“Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”, declarou.
Lula acrescentou que a Polícia Federal investigará “todas as pessoas” envolvidas “diretamente ou não” e mencionou a devolução de recursos a beneficiários: “Nós já devolvemos para 4 milhões de pessoas… R$ 750 milhões”.
Correios: Lula admite crise, promete mudanças e descarta privatização
Ao comentar o rombo bilionário em estatais, com destaque para os Correios, Lula reconheceu a gravidade da situação e afirmou que a empresa pública não pode ser “a rainha do prejuízo”.
“Nós não podemos ter uma empresa pública… dando prejuízo. Eu sempre digo que a empresa pública não precisa ser a rainha do lucro, mas ela não pode ser a rainha do prejuízo”, afirmou.
Ele disse que o governo já trocou a presidência da estatal e que fará mudanças na estrutura de cargos e gestão, com objetivo de recuperar a empresa. Em seguida, afastou qualquer possibilidade de privatização.
“Enquanto eu for presidente, não tem privatização”, afirmou.
Lula indicou que parcerias podem ser discutidas, inclusive com empresas estrangeiras, mas sem venda do controle: “Pode existir parceria… mas privatização não vai ter”.
Fim da escala 6x1: “O país está pronto e a economia está pronta”
Perguntado sobre redução da jornada e o debate do fim da escala 6x1, Lula disse que defende a pauta há décadas e afirmou que o Brasil já reúne condições para avançar.
“Eu acho que o país está pronto e a economia está pronta para o fim da escala 6 por1”, disse.
O presidente acrescentou que não quer enviar um projeto do Executivo sem que haja mobilização social e provocação formal: “Eu não quero tomar iniciativa do poder executivo… eu preciso ser provocado.”
Ele afirmou que, quando houver uma proposta organizada por trabalhadores e pelo “Conselhão”, pretende encaminhá-la ao Congresso.
Juros e Banco Central: “Tenho 100% de confiança no companheiro Galípolo”
Lula comentou críticas internas ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e afirmou confiar plenamente no comando da autoridade monetária.
“Eu tenho 100% de confiança no companheiro Galípolo, presidente do Banco Central”, declarou.
Ele voltou a criticar a independência do Banco Central, dizendo que considera inadequado que um presidente indicado permaneça no cargo durante eventual mudança de governo. Ainda assim, afirmou que não fará pressão sobre decisões de juros, mas disse acreditar em queda próxima.
“Eu tô sentindo um cheiro de que logo logo a taxa de juros vão começar a baixar”, afirmou.
Acordo Mercosul-União Europeia: Lula relata conversa com Meloni e diz que a França segue como obstáculo
Na política externa, Lula voltou ao tema do acordo Mercosul-União Europeia, ressaltando que a negociação se arrasta há 26 anos e que o Mercosul está “100% disposto” a fechar.
Ele disse que a França sempre resistiu e relatou surpresa com a Itália, afirmando que conversou por telefone com a primeira-ministra Giorgia Meloni. Segundo Lula, ela teria pedido prazo para administrar pressões internas de agricultores.
“Ela… pediu… paciência de uma semana, de 10 dias, de máximo mês, a Itália estará junto com acordo”, relatou.
Venezuela e Trump: Lula defende solução diplomática e rejeita guerra na América do Sul
Lula afirmou que conversou com Nicolás Maduro e também com Donald Trump sobre a Venezuela e disse que o Brasil não aceitará uma escalada militar na região.
“Isso aqui é uma zona de paz, isso aqui não é uma zona de guerra”, disse, ao relatar o recado dado ao presidente norte-americano.
O presidente afirmou que o Brasil está à disposição para contribuir com uma saída negociada: “Tô à disposição tanto da Venezuela quanto dos Estados Unidos para contribuir numa solução pacífica”.
Recado final: solidariedade às filhas de Silvio Santos e promessa de combate ao feminicídio
Ao encerrar, Lula disse que pediu ao SBT que transmitisse solidariedade às filhas de Silvio Santos após um ataque verbal citado por ele e afirmou que pretende dedicar tempo do governo ao enfrentamento da violência contra mulheres.
“Eu vou dedicar um tempo da minha governança para tentar combater o feminicídio e a violência contra a mulher nesse país”, declarou.
A entrevista terminou com votos de “feliz Natal” e “feliz ano novo” e com Lula reforçando que o governo pretende intensificar a comunicação sobre entregas e políticas públicas ao longo de 2026.



