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Imprensa internacional repercute cassação de Eduardo Bolsonaro: 'passou meses fazendo lobby nos EUA'

Veículos estrangeiros apontam faltas e lobby nos EUA como fatores centrais da decisão da Câmara

Eduardo Bolsonaro - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)

247 - A decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de declarar a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), anunciada nesta quinta-feira (18), teve ampla repercussão na imprensa internacional. Jornais e agências estrangeiras destacaram que o parlamentar perdeu o cargo após acumular faltas em sessões legislativas enquanto permanecia nos Estados Unidos, onde atuava politicamente em defesa de Jair Bolsonaro (PL).

A perda do mandato ocorreu menos de um mês depois de Jair Bolsonaro começar a cumprir pena superior a 27 anos de prisão, em decorrência da condenação pela trama golpista. Segundo os veículos internacionais, Eduardo Bolsonaro estava fora do país desde fevereiro e ultrapassou o limite constitucional de ausências permitidas no exercício do mandato.

A agência Bloomberg chamou atenção para a atuação do então deputado em Washington, ao noticiar que o “Congresso brasileiro expulsa filho de Bolsonaro que passou meses fazendo lobby em Washington”. A reportagem ressaltou que Eduardo ficou “ausente por tempo demais após o término de sua licença em junho”, período em que buscou apoio político estrangeiro para pressionar autoridades brasileiras.

A ABC News classificou a cassação como “mais um golpe contra o líder de extrema-direita” Jair Bolsonaro. O veículo também mencionou a perda do mandato de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), igualmente condenado no caso da trama golpista e que deixou o país, sendo considerado foragido. Ambas as situações foram apresentadas como parte de um contexto mais amplo de responsabilização política e judicial.

As agências EFE e AFP enfatizaram que a cassação ocorreu por excesso de faltas, enquanto Eduardo Bolsonaro atuava nos Estados Unidos em busca de apoio internacional para a defesa do pai. A AFP observou que “os esforços de lobby familiar surtiram algum efeito – pelo menos inicialmente”, ao mencionar a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros e a inclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky. A própria agência registrou que as tarifas foram em grande parte suspensas e que Moraes foi poupado de restrições financeiras neste mês.

Na imprensa latino-americana, os jornais El País e La Nación também deram destaque à decisão, ressaltando que Eduardo Bolsonaro ultrapassou o limite legal de faltas e descrevendo sua atuação nos Estados Unidos em defesa de sanções contra autoridades brasileiras. A emissora alemã DW destacou que “Eduardo Bolsonaro não comparece ao trabalho desde fevereiro para fazer lobby nos Estados Unidos em favor da liberdade de seu pai”.

A DW também repercutiu a reação do ex-parlamentar à decisão. Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro afirmou que a ida aos Estados Unidos “valeu muito a pena por ter conseguido levar, pela primeira vez, consequências reais” a autoridades brasileiras. Em outra declaração, disse: “Cassaram meu mandato exatamente por eu ter feito o que meus eleitores esperam de mim (...) Para mim o que fica é uma medalha de honra. Não é a perda de um mandato. Eu tenho certeza de que essa história ainda não acabou”.

A cassação foi formalizada por meio de ato administrativo da Mesa Diretora, com assinaturas do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e de outros integrantes da gestão, sem necessidade de votação em plenário. A decisão foi publicada em edição extra do Diário da Câmara e teve como base o artigo 55 da Constituição Federal, que prevê a perda automática do mandato em caso de faltas superiores a um terço das sessões deliberativas.

Além de estar fora do país há meses, Eduardo Bolsonaro é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de tentar coagir o Poder Judiciário e de articular, em território norte-americano, sanções contra autoridades brasileiras, incluindo ministros da Corte. Com a vacância do cargo, assume a vaga na Câmara o suplente Missionário José Olímpio (PL-SP).

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