Noblat: Bolsonaro lança Flávio e estende o tapete para reeleição de Lula em 2026
Diante da pulverização da direita e do foco do Centrão nas eleições legislativas, “Lula está rindo à toa”, avalia o jornalista
247 - Em análise política publicada no Metrópoles, o jornalista Ricardo Noblat avaliou os rumos da direita brasileira e o impacto das estratégias de Jair Bolsonaro (PL) no tabuleiro eleitoral. Para ele, a decisão de Bolsonaro, inelegível, de entregar ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) o papel de seu sucessor direto movimenta alianças e favorece a caminhada do presidente Lula (PT) rumo a um eventual quarto mandato.
Segundo o texto de Noblat, Bolsonaro — impedido de disputar eleições até completar 105 anos caso as decisões judiciais sejam mantidas — precisava reafirmar sua liderança entre setores conservadores para não perder relevância. A escolha por Flávio, no entanto, não teria sido motivada pela força eleitoral do senador, mas por conveniências internas e pessoais.
O jornalista observa que Michelle Bolsonaro, embora mais bem posicionada nas pesquisas e com forte apelo entre evangélicos e eleitoras, jamais foi considerada pelo ex-presidente para encabeçar uma candidatura. Noblat argumenta que isso ocorre porque o ex-mandatário não teria sobre ela o mesmo grau de controle. O texto recupera episódios da vida familiar de Bolsonaro para explicar sua dinâmica de poder, citando o caso de Rogéria, sua primeira esposa, que foi derrotada pelo próprio filho Carlos após demonstrar autonomia política.
Ao elevar Flávio à condição de herdeiro, Bolsonaro também libera outras lideranças da direita para reorganizarem seus planos. Noblat destaca que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, deixa de oscilar entre a reeleição e uma disputa presidencial, dado que sempre condicionou suas decisões à vontade do ex-chefe. Partidos do Centrão, antes empenhados em estimular candidaturas nacionais, agora se inclinam a concentrar esforços em ampliar bancadas no Congresso e garantir êxito nos governos estaduais.
Outros nomes citados por Noblat surgem como candidaturas improváveis. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, reafirma que segue pré-candidato pelo União Brasil. O PP também não demonstra intenção de lançar nomes, priorizando avanços no Legislativo.
Já o PSD, comandado por Gilberto Kassab, mantém o estímulo à possível candidatura do governador Ratinho Junior. Apesar disso, segundo o artigo, o próprio pai do governador o aconselha a disputar uma vaga certa no Senado, em vez de arriscar um voo nacional. Romeu Zema, de Minas Gerais, é avaliado como alguém sem condições reais de derrotar Lula.
O cenário descrito por Noblat aponta para uma disputa de 2026 na qual Lula aparece amplamente favorecido. Para o jornalista, a reorganização da direita, somada à decisão de Bolsonaro de apostar todas as fichas em Flávio, deixa o presidente em posição politicamente confortável no horizonte próximo.



