HOME > Mundo

Ataque israelense fere soldado da ONU no sul do Líbano e eleva tensão regional

Missão da UNIFIL denuncia disparos de metralhadora contra suas patrulhas

Veículos da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) estacionados em Marjayoun, perto da fronteira com Israel 09/08/2024 REUTERS/Karamallah Daher (Foto: REUTERS/Karamallah Daher)

247 - Um ataque israelense no sul do Líbano deixou ferido um integrante das forças de paz das Nações Unidas e reacendeu o alerta sobre a segurança das operações internacionais na região. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) informou que tiros de metralhadora atingiram as proximidades de uma patrulha que realizava inspeção de rotina em um posto de controle na vila de Bastarra, próxima à linha de demarcação entre territórios libaneses e áreas ocupadas por Israel.

Segundo a missão da ONU, os disparos partiram de posições do exército israelense ao sul da linha de separação e ocorreram após a explosão de uma granada nas imediações. Embora não tenha havido danos diretos à equipe, um dos soldados da paz sofreu uma leve concussão no ouvido em decorrência do incidente. As informações foram divulgadas em comunicado oficial da UNIFIL e repercutidas pelo portal Hispantv, que acompanha os desdobramentos do conflito no país árabe.

A mídia libanesa também relatou um segundo episódio no mesmo dia, na localidade de Kfarchouba, onde outra patrulha da UNIFIL, em operação de rotina, teria sido alvo de tiros de metralhadora à queima-roupa vindos do lado israelense. A missão destacou que os movimentos da patrulha haviam sido previamente comunicados ao exército de Israel, conforme os mecanismos de coordenação estabelecidos entre as partes.

Diante da gravidade dos episódios, a UNIFIL reforçou que ações desse tipo configuram violações diretas do marco legal internacional que rege a presença da força de paz no país. “Ataques contra ou perto de forças de paz constituem violações graves da Resolução 1701 do Conselho de Segurança”, afirmou a missão, ao instar as tropas israelenses a cessarem a conduta agressiva contra seu pessoal.

A Resolução 1701, aprovada após a guerra de 33 dias lançada por Israel contra o Líbano em 2006, estabeleceu um cessar-fogo e determinou que Tel Aviv respeite a soberania e a integridade territorial libanesas. De acordo com a própria UNIFIL, Israel já teria violado o cessar-fogo com o Líbano cerca de 9.400 vezes, evidenciando a fragilidade do acordo.

No início deste mês, a missão da ONU voltou a denunciar um histórico de disparos israelenses contra seus soldados de paz no sul do país, incluindo um ataque em outubro no qual um integrante foi ferido por uma granada, o terceiro incidente registrado em pouco mais de um mês. Mesmo sob cessar-fogo, novos ataques israelenses no território libanês já resultaram em mortes, aprofundando a instabilidade.

As tensões na região se intensificaram com a realização de ataques aéreos quase diários por Israel, que afirma ter como alvo integrantes e infraestrutura do Movimento de Resistência Islâmica Libanês, o Hezbollah. Os confrontos na fronteira tiveram início em outubro de 2023 e foram transformados, em setembro de 2024, em uma guerra aberta, que provocou milhares de mortes e ampla destruição em diferentes áreas do Líbano.

Apesar do acordo de cessar-fogo firmado em novembro de 2024 com o Hezbollah, o regime israelense mantém tropas em áreas do sul do país, ocupa posições estratégicas e segue realizando ataques. Autoridades libanesas alertam que a continuidade dessas violações representa um risco direto à estabilidade do Líbano e compromete os esforços internacionais para conter a escalada do conflito.

Artigos Relacionados