Caso Epstein testa resiliência de Trump na Casa Branca
E-mails divulgados por democratas reacendem dúvidas sobre a relação do presidente com Jeffrey Epstein e expõem fissuras dentro do Partido Republicano
247 – O presidente Donald Trump, que celebrou o fim do mais longo shutdown da história dos Estados Unidos, viu sua vitória política ser rapidamente ofuscada pela reemergência de um antigo fantasma: Jeffrey Epstein. A divulgação de e-mails por parlamentares democratas reacendeu questionamentos sobre a relação do presidente com o financista.
As informações foram inicialmente publicadas pela agência Reuters, que detalhou como o material trouxe de volta ao debate público perguntas sobre o que Trump sabia das acusações de abuso contra meninas envolvendo Epstein.
E-mails reacendem pressão sobre a Casa Branca
A Casa Branca classificou a divulgação como tentativa de difamação, mas o episódio expôs uma vulnerabilidade que pode perseguir o presidente até as eleições de meio de mandato de 2026. Os e-mails incluem mensagens nas quais Epstein dizia acreditar que Trump “sabia sobre as meninas”, ao mesmo tempo em que indicam que o presidente teria desaprovado o comportamento do financista e o expulsado do clube Mar-a-Lago. Trump, no entanto, nega qualquer conhecimento dos crimes atribuídos ao ex-amigo. Segundo a Reuters, mesmo não havendo acusações formais contra o presidente, o caso tem dificultado sua estratégia de manter o foco em política pública em vez de escândalos.
Republicanos se dividem e desafiam Trump
Uma parcela da base republicana acredita que o governo esconde documentos sensíveis relacionados a Epstein. Essa percepção levou alguns congressistas do partido a apoiarem o pedido democrata para obrigar o Departamento de Justiça a divulgar todos os arquivos do caso. Entre eles estão Lauren Boebert e Nancy Mace, ambas aliadas frequentes de Trump, que resistiram às pressões da Casa Branca — incluindo uma reunião na Sala de Situação — para retirar suas assinaturas da petição. A despeito da pressão, elas mantiveram a posição, o que ampliou a percepção de fissura interna.
A estrategista democrata Pia Carusone afirmou à Reuters que “o MAGA base tem uma maneira de se apegar a questões internas e ampliá-las. Acho que ele está muito vulnerável nisso.” Para o estrategista republicano Terry Sullivan, o caso representa um dilema político insolúvel. Ele declarou que “é impossível lidar com isso de forma eficaz. É impossível provar um negativo. Se ele (Trump) não sabia de nada, como se prova isso?”
Avaliação negativa e desgaste comunicacional
De acordo com pesquisa Reuters/Ipsos, embora a aprovação geral de Trump entre republicanos seja de 90%, apenas 40% aprovam sua condução do caso Epstein. Analistas citados pela Reuters afirmam que a polêmica compromete a disciplina de mensagem do presidente e abre espaço para crises internas prolongadas.
Casa Branca tenta retomar a narrativa
A porta-voz Abigail Jackson criticou a repercussão dos e-mails afirmando que “democratas e a mídia mainstream estão desesperados para usar essa farsa como distração para falar de qualquer coisa que não seja a derrota humilhante dos democratas na disputa sobre o shutdown. Esses e-mails não provam absolutamente nada.”
Após dias evitando o tema, Trump comentou o caso durante viagem presidencial, dizendo que “quando você fala sobre a fraude Epstein, o que acontece é que você não fala sobre o quanto fizemos bem. Eles querem desperdiçar o tempo das pessoas, e alguns republicanos mais burros gostam disso.” Mais tarde, anunciou que pediria ao Departamento de Justiça uma investigação sobre possíveis vínculos de Epstein com o banco JPMorgan e com figuras do Partido Democrata. O banco afirmou lamentar a relação que manteve com Epstein entre 1998 e 2013 e declarou que nunca ajudou o financista a cometer “atos hediondos.”
Caso Epstein ganha novo fôlego e desafia campanha
Para o estrategista republicano Alex Conant, a forma como a Casa Branca tem lidado com o caso apenas prolonga seu impacto político. Ele afirmou que “não acho que alguém possa dizer que lidaram bem com isso, porque ainda estamos falando disso.” A persistência do tema, somada a divisões internas inéditas desde o início do mandato, indica que o caso Epstein continuará sendo um dos principais fatores de desgaste para Trump na trajetória até as eleições de 2026.



