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China chama EUA de 'gângsters' após Trump acabar com tratamento especial a Hong Kong

A medida foi anunciada como uma forma de represália dos Estados Unidos ao governo chinês após a aprovação da Lei de Segurança Nacional que procura conter os protestos na região semi-autônoma de Hong Kong

Xi Jinping e Trump. (Foto: REUTERS)
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247 - A China acusou os EUA de seguirem uma “lógica de gângster” após o presidente norte-americano, Donald Trump, acabar com o tratamento especial de Hong Kong, que favorecia o comércio entre o país e a região chinesa. A medida foi anunciada como uma forma de represália ao governo chinês após a aprovação da Lei de Segurança Nacional que procura conter os protestos na região semi-autônoma.

O secretário de Justiça norte-americano, William Barr, respondeu às acusações afirmando que os EUA não podem ser mais dependentes dos chineses e acusou, cinicamente, Pequim de querer dominar o país.

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Os chineses, por outro lado, reforçaram que a ação contra o comércio com Hong Kong não os prejudicariam tanto quanto prejudicará os próprios norte-americanos. "Ameaças irracionais e vergonhosas dos Estados Unidos são a lógica típica dos gângsteres e de um comportamento de bullying", disse o Gabinete de Ligação de Pequim.

Ação de Trump pode se voltar contra os EUA

A ação de Trump acaba com a relação autônoma dos Estados Unidos com Hong Kong. Os EUA, desde 1992, tem uma relação econômica e jurídica independente com a região, diferente da que é exercida com a China continental. Agora, as duas zonas serão consideradas iguais.

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A medida para acabar com o tratamento preferencial já havia sido anunciada em maio, durante o processo de aprovação da lei de segurança nacional pelo Legislativo chinês. Na ocasião, o governo pró-China de Hong Kong anunciou que esta medida se voltaria também contra os Estados Unidos.

"Quaisquer sanções são uma faca de dois gumes que prejudicará não só os interesses de Hong Kong, mas também os dos EUA significativamente", disse o governo em maio deste ano.

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Segundo o governo de Hong Kong, entre 2009 e 2018, o superávit comercial norte-americano de 297 bilhões de dólares com a região foi o maior entre todos os parceiros comerciais de Washington, e 1.300 empresas dos EUA têm sede na cidade. Desta forma, a ofensiva do presidente norte-americano pode acabar prejudicando os próprios Estados Unidos, principalmente um setor do capital financeiro.

Ofensiva política contra a China

O decreto de Trump também autorizou sanções e boicotes a autoridades e instituições financeiras chinesas forem acusadas de “reprimir a dissidência política” em Hong Kong. A China retrucou ameaçando colocar barreiras contra os EUA, aprofundando assim a guerra comercial entre os dois países.

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Nesta quinta-feira, 16, militantes do partido Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong protestaram diante do consulado norte-americano exigindo que os Estados Unidos "parem de interferir nos assuntos internos da China".

Entenda o que está em jogo na Lei de Segurança Nacional chinesa sobre Hong Kong

Pela nova lei de segurança nacional, mandados judiciais não serão necessários para a realização de buscas e apreensões em lugares suspeitos e pessoas sob investigação serão impedidas de sair da cidade. Foi uma ofensiva do governo contra os manifestantes.

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As manifestações eclodiram no ano passado contra um projeto de lei que possibilitaria a extradição para a China continental, o que foi visto com uma ameaça à soberania administrativa e jurídica de Hong Kong. O projeto, por pressão das manifestações, foi retirado. Porém, a pauta se estendeu para a defesa de eleições diretas para a chefia do Executivo do território.

Para alguns analistas, a crise do governo chinês com Hong Kong reflete a crise do país asiático com os Estados Unidos, uma vez que apareceram diversas denúncias de que os organizadores das manifestações na cidade estão ligados a grupos empresariais norte-americanos e britânicos.

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Por outro lado, outros analistas afirmam que a nova legislação representa o fim da autonomia política, administrativa e judicial que a cidade desfruta desde seu reingresso no país continental. Durante 156 anos até 1997, Hong Kong era uma colônia britânica e apenas ingressou na China pelo modelo “um país, dois sistemas” que lhe dava autonomia.

Com a aprovação da Lei de Segurança Nacional, as autoridades chinesas poderão atuar no território para a implementação das leis, que preveem prisão perpétua para separatistas, subversivos e terroristas, e também facilita o monitoramento por grampos de indivíduos considerados suspeitos, que poderão ser presos sem direito à fiança e cujos julgamentos podem ocorrer sem direito a juris. Os magistrados, por sua vez, serão nomeados pelo chefe do Executivo local, escolhido por uma comissão de 1.200 pessoas. As pessoas acusadas deverão ser enviadas à China continental.

Porém, segundo a chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), Carrie Lam, a nova legislação não é contrária à autonomia de Hong Kong. Ela preside o Comitê para Salvaguarda da Segurança Nacional da RAEHK.

“A lei visa prevenir, coibir e punir atos ilegais que ponham em risco a segurança nacional, o que só tem como alvo uma extremamente pequena minoria de infratores da lei e protege a liberdade e os direitos da grande maioria dos residentes de Hong Kong”, disse Lam nesta terça-feira (7).

Tensão internacional

Muitos avaliam o posicionamento de Pequim como uma defesa contra as recentes ameaças dos Estados Unidos, que têm imposto sanções econômicas ao país no sentido de prejudicar sua economia. 

Da mesma forma, os norte-americanos têm realizado uma série de provocações ao navegar territórios marítimos, no sul da ásia, reivindicados pela China, e ao realizar operações para prejudicar grandes empresas chineses. Recentemente, o governo chinês denunciou o envolvimento do FBI na prisão de Meng Wanzhou, executiva da Huawei, em aeroporto no Canadá.

Assim, muitos têm denunciado o movimento separatista em Hong Kong como manobra política dos Estados Unidos para conquistar influência na região e desestabilizar a China. Membros governamentais dos dois países têm entrado em conflito por conta da situação. Em junho deste ano, a chancelaria chinesa rebateu as afirmações do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo

O chefe da diplomacia americana disse que Hong Kong não tem mais o alto grau de autonomia e que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou com as chamadas sanções contra a China e sua Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK). "Nós condenamos fortemente isso", disse o porta-voz.

"O que as autoridades americanas disseram sobre Hong Kong são completas mentiras e calúnias", afirmou o porta-voz. "Não há como a legislação afetar o alto grau de autonomia de Hong Kong ou os direitos e liberdades desfrutados pelos residentes de Hong Kong, que são mais extensos do que antes do retorno de Hong Kong à pátria", disse o porta-voz. "Pelo contrário, solidificará a fundação de 'um país, dois sistemas'."

Vale ressaltar também que, historicamente, Hong Kong só tem uma certa autonomia do resto da China por conta da invasão do território chinês pelos britânicos no século XIX. A região era do império da China. Na realidade, a reincorporação da região com uma certa independência do governo central só existiu no âmbito de manter os interesses de empresas estrangeiras na região ao mesmo tempo em que se buscava uma aliança com a China, que nos últimos anos os EUA estão procurando desfazer.

As tensões, desta forma, estão cada vez maiores. Washington acusa o governo chinês de violar os direitos dos muçulmanos uigures da província Xinjiang. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, convidou o secretário do Estado americano, Mike Pompeo, para uma visita à província a fim de demonstrar que não há violações de direitos humanos na região. 

A China também acenou contra a guerra comercial de 18 meses com os Estados Unidos, dizendo, entretanto, que vai responder ao "bullying" dos norte-americanos. “Nós sempre honramos nossos compromissos, mas sabemos que algumas pessoas nos Estados Unidos estão oprimindo e fazendo bullying contra a China”, afirmou o ministra Hua.

“Como um Estado soberano independente, a China precisa responder às práticas de bullying pelo lado dos EUA. Temos que dizer ‘não’, precisamos dar respostas e adotar medidas reativas”, reforçou.

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