HOME > Mundo

Cooperação em alta: China e França reforçam parceria estratégica em Pequim

Líderes dos dois países discutem comércio, governança global e ampliação de projetos conjuntos em encontro marcado por alinhamento político e econômico

Xi Jinping e Emmanuel Macron (Foto: Xinhua)

247 - O encontro entre Xi Jinping e Emmanuel Macron, realizado nesta quinta-feira (4) em Pequim, destacou um movimento crescente de aproximação entre China e França, com foco em ampliar a cooperação em diversas áreas estratégicas. A reunião, marcada por cerimônia oficial e conversas de alto nível no Grande Salão do Povo, reforçou o compromisso bilateral de fortalecer laços políticos e econômicos, informa a Xinhua.

Macron está em sua quarta visita de Estado à China, retribuindo a viagem feita por Xi a Paris no ano anterior, no marco das seis décadas de relações diplomáticas entre Pequim e Paris. Durante o encontro, os líderes conduziram negociações, participaram de entrevista conjunta e acompanharam a assinatura de novos acordos empresariais.

Reforço político e expansão de projetos conjuntos

Xi Jinping ressaltou que a relação sino-francesa deve manter visão de longo prazo, independência diplomática e apoio mútuo em temas considerados centrais por ambas as nações. Ele observou ainda que o intercâmbio comercial segue em expansão, apontando que o fluxo bilateral somou 68,75 bilhões de dólares entre janeiro e outubro de 2025, enquanto o investimento acumulado ultrapassou 27 bilhões de dólares.

O líder chinês afirmou que os dois países devem aprofundar cooperação em setores tradicionais, como aviação, aeroespacial e energia nuclear, e explorar novas áreas, incluindo economia verde, digital, biotecnologia, inteligência artificial e energias renováveis. Xi destacou também o interesse da China em ampliar importações de produtos franceses e atrair empresas do país europeu, pedindo reciprocidade no tratamento às companhias chinesas.

Outro ponto enfatizado por Xi foi a necessidade de intensificar os intercâmbios culturais e educacionais, além da colaboração científica. Ele anunciou que Pequim e Paris lançarão uma nova etapa de cooperação para a proteção dos pandas-gigantes, símbolo da diplomacia ambiental chinesa.

Macron exalta dinamismo econômico chinês e apoio à política de Uma Só China

Em sua fala, Emmanuel Macron afirmou que a França valoriza profundamente sua relação com Pequim e “defende firmemente a política de Uma Só China”. Ele elogiou o ritmo da economia chinesa, citando que sua abertura “trouxe mais oportunidades para o mundo”.

Macron ressaltou que Paris pretende avançar em investimentos recíprocos e ampliar a cooperação em comércio, energias renováveis e intercâmbio cultural. Ele também destacou que o país europeu garantirá “um ambiente empresarial justo e não discriminatório” para companhias chinesas.

Após a rodada de conversas, os dois líderes testemunharam a assinatura de acordos em áreas como energia nuclear, agricultura, educação e meio ambiente.

Impacto global da aproximação

A escritora e sinóloga Sonia Bressler avaliou que a frequência dos encontros entre os chefes de Estado evidencia a importância da diplomacia contínua. “Quando chefes de Estado viajam, eles levam consigo não apenas acordos, mas também possibilidades – e as possibilidades só se expandem onde as palavras podem circular”, afirmou.

Para Ioannis Kotoulas, professor adjunto de Geopolítica da Universidade de Atenas, a visita de Macron cumpre papel essencial ao “esclarecer equívocos e consolidar laços não apenas entre França e China, mas também entre a China e a União Europeia”.

Governança global, Ucrânia e Palestina no centro da agenda

A pauta internacional também ocupou posição central nas discussões. Xi Jinping afirmou que França e China concordaram em defender o sistema multilateral com a ONU em seu núcleo e intensificar a coordenação estratégica para tornar a governança global mais equilibrada e justa.

Sobre a crise na Ucrânia, Xi reiterou que Pequim apoia “todos os esforços pela paz” e espera que as partes cheguem a um acordo “justo, duradouro e vinculativo” por meio do diálogo. Ele afirmou ainda que a China se opõe a “ações irresponsáveis” que distorçam a realidade do conflito.

O líder chinês também destacou o compromisso conjunto com uma solução plena e duradoura para a questão palestina, anunciando que a China fornecerá 100 milhões de dólares em ajuda humanitária a Gaza e apoio à reconstrução.

Macron concordou com a visão chinesa sobre governança global e defendeu o reforço do multilateralismo, cooperação climática, preservação da biodiversidade e regulação da inteligência artificial.

Cooperação estratégica 

Para Feng Zhongping, diretor do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o alinhamento entre Paris e Pequim tem sido decisivo no enfrentamento de desafios globais, especialmente na área climática. Ele assinalou que o diálogo entre os dois países, ambos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, contribui diretamente para a estabilidade internacional.

O encontro de Pequim reforça a disposição de China e França em ampliar convergências políticas, econômicas e diplomáticas, num momento marcado por tensões geopolíticas e pela necessidade de respostas multilaterais a desafios globais.

Artigos Relacionados