HOME > Mundo

Cresce tensão na cúpula militar israelense

Discurso do chefe do Estado-Maior amplia crise interna e expõe desgaste com o ministro da Defesa Israel Katz

Israel Katz e Eyal Zamir (Foto: Ministério da Defesa de Israel )

247 - A mais recente crise entre a cúpula militar e a liderança política de Israel ganhou novo capítulo após declarações contundentes do chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, que repercutiram em todo o país, informa o canal HispanTV.

O pronunciamento de Zamir durante uma cerimônia em homenagem a David Ben-Gurion foi interpretado como um ataque direto ao ministro da Defesa, Israel Katz, e à condução política do regime. O episódio elevou a tensão já existente desde a operação Tempestade de Al-Aqsa, realizada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. 

No discurso, Eyal Zamir defendeu a necessidade de mudanças profundas na liderança israelense após o fracasso na resposta aos ataques daquele dia. “Uma liderança corajosa que aceite o fracasso e assuma a responsabilidade pela mudança”, afirmou. Ele acrescentou que “a essência da liderança é reconstruir” e defendeu “uma liderança que não tenha medo nem se deixe abater facilmente, mas que inspire, que veja a verdade e trace um novo rumo”. 

As declarações irritaram o entorno de Israel Katz, que reagiu com dureza. Fontes próximas ao ministro disseram que Zamir ultrapassou “linhas vermelhas” e que suas palavras minavam a autoridade política do país. Embora tenham descartado a possibilidade de demissão imediata, aliados de Katz acusaram o chefe militar de não divulgar resultados de investigações internas e de ocultar informações relevantes. 

O estopim do conflito foi a ordem de Katz para revisar integralmente o relatório da Comissão Torjeman, trabalho desenvolvido ao longo de sete meses. Zamir respondeu com uma nota crítica, afirmando que “é espantoso questionar um relatório preparado por doze generais e entregue pessoalmente ao ministro”. Ele também censurou os dirigentes políticos por rejeitarem qualquer investigação externa e reforçou que “o exército é a única instituição que investigou minuciosamente suas falhas”.

O debate se desenrola no contexto dos acontecimentos de 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou a operação Tempestade de Al-Aqsa em retaliação, segundo o movimento palestino, aos abusos contra os habitantes de Gaza e aos ataques ao que considera seu povo sagrado. Autoridades israelenses admitem que o episódio representou o maior fracasso militar e de inteligência do regime em décadas, provocando danos significativos à imagem de Tel Aviv e de suas forças armadas no cenário internacional. 

O Hamas, por sua vez, celebrou o impacto da ofensiva. O grupo afirmou que a resistência palestina “fez história e derrotou Israel” e declarou que o ataque em Al-Aqsa destruiu o que chamou de “ilusória superioridade” militar israelense.

A crise atual entre Zamir e Katz expõe a profundidade das fraturas internas provocadas por esses eventos, refletindo um ambiente político e militar marcado por disputas, cobranças e incertezas sobre o futuro da liderança israelense.

Artigos Relacionados