França avalia envio de militares à Ucrânia após possível cessar-fogo
Paris considera presença em Kiev e Odessa para garantir segurança e treinamentos
247 - A França voltou a debater publicamente o papel que poderá desempenhar na Ucrânia caso um eventual cessar-fogo seja alcançado. Durante visita a Luanda, o presidente Emmanuel Macron afirmou que o país trabalha com a possibilidade de atuar em Kiev e Odessa em missões de treinamento e segurança, afastando, porém, qualquer intenção de colocar soldados franceses na linha de frente.As declarações foram publicadas pela Prensa Latina e foram dadas durante entrevista do presidente francês à emissora RTL, concedida à margem de uma cúpula entre a União Europeia e a União Africana. Macron destacou que “nunca planejamos estar na linha de frente, mas planejamos estar em Kiev e Odessa, por exemplo, como forças garantidoras para realizar treinamentos e tarefas de segurança, o que já fizemos em outros países”.
Como líder da Coligação dos Dispostos, grupo formado por cerca de 30 nações que apoiam a Ucrânia, Macron atua ao lado do primeiro-ministro britânico Keir Starmer para viabilizar o envio de contingentes europeus encarregados de garantir o cumprimento de um acordo de paz, caso este venha a ser firmado. Moscou, no entanto, classificou a proposta como totalmente inaceitável.
O chefe de Estado francês também mencionou a criação de uma “força aérea de garantia”, estruturada em países vizinhos e destinada a operar em cooperação com a aviação ucraniana. Embora defenda preparar o terreno para um eventual apoio militar ampliado, reiterou que não considera o envio imediato de tropas para a zona de guerra.
Na França, a discussão ganhou contornos políticos após comentários do Chefe do Estado-Maior do Exército, general Fabien Mandon. Em discurso no Congresso de Prefeitos, ele sugeriu que o país deveria se preparar para enfrentar perdas humanas e impactos econômicos significativos em razão do crescimento das demandas de defesa. As falas provocaram forte reação de setores da oposição, que acusaram o general de alarmismo, levando Macron a tentar reduzir a tensão pública.
O debate ressuscitou ainda a possibilidade de um novo modelo de serviço militar no território francês, tema que, segundo veículos da imprensa local, pode ser formalizado ainda nesta semana. Mesmo assim, Macron declarou na terça-feira que “não haverá envio de jovens para a Ucrânia”.



