EUA e Ucrânia ajustam plano de paz para encerrar guerra com a Rússia
Nova proposta surge após críticas a projeto inicial considerado favorável a Moscou e mantém negociações intensas em Genebra
247 - Os Estados Unidos e a Ucrânia continuam, nesta segunda-feira (24), a revisão de um novo desenho diplomático para tentar pôr fim ao conflito com a Rússia. A reavaliação do projeto ocorre após ambas as partes concordarem em revisar uma proposta anterior que, segundo aliados e analistas, concedia vantagens excessivas a Moscou, informa a Reuters.
Washington e K[iev anunciaram ter desenvolvido uma “estrutura de paz refinada”, após as negociações de domingo (23). Embora os detalhes permaneçam sob sigilo, a Casa Branca afirmou que a delegação ucraniana considerou que o formato ajustado “reflete seus interesses nacionais” e atende “às suas principais necessidades estratégicas”. O governo ucraniano, entretanto, não divulgou declaração própria.
O ponto central ainda em aberto envolve as garantias de segurança para a Ucrânia. As equipes negociadoras afirmaram que seguirão em “trabalho intenso” até a quinta-feira (27), prazo inicialmente imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O secretário de Estado Marco Rubio, que liderou a delegação americana nas conversas, retornou a Washington na noite de domingo, mas disse que o limite temporal pode não ser definitivo.
Trump voltou a pressionar Kiev por um acordo e afirmou, no domingo, que a Ucrânia demonstrou “zero gratidão” pelo apoio dos EUA durante a guerra. A declaração levou autoridades ucranianas a reiterarem publicamente sua gratidão ao governo norte-americano. Fontes consultadas pela agência indicam que o presidente Volodymyr Zelensky pode viajar aos Estados Unidos ainda esta semana para discutir pontos sensíveis do plano diretamente com Trump.
O rascunho inicial apresentado por Washington, composto por 28 pontos, previa que a Ucrânia cedesse território, aceitasse limitações militares e abandonasse o objetivo de integrar a Otan, condições vistas como capitulação pela Ucrânia. O documento surpreendeu integrantes da própria administração americana, e duas fontes afirmaram que a proposta foi elaborada em um encontro realizado em outubro, em Miami, com participação do enviado especial Steve Witkoff, de Jared Kushner — genro do presidente — e do emissário russo Kirill Dmitriev, que está sob sanções dos EUA.
Legisladores democratas classificaram o plano original como uma lista de interesses russos, embora Rubio sustente que Washington redigiu o documento com contribuições de ambos os lados envolvidos na guerra. Na Europa, aliados afirmam que não foram consultados e, no domingo, divulgaram uma contraproposta que reduz parte das concessões territoriais sugeridas e prevê uma garantia de segurança ao estilo da Otan fornecida pelos Estados Unidos caso a Ucrânia seja novamente atacada.


