Rússia rejeita versão da União Europeia sobre plano de paz para a Ucrânia
De acordo com o assessor presidencial russo, as disposições do plano apresentado pelos Estados Unidos exigem uma discussão detalhada entre as partes
Serguei Monin, Moscou - Brasil de Fato - O assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, afirmou nesta segunda-feira (24) que ninguém realizou negociações específicas com a Rússia a respeito do plano de paz dos EUA para um acordo sobre a guerra da Ucrânia.
“Quero enfatizar novamente, além do que o presidente disse. Ele afirmou claramente que, sim, vimos essa versão do plano, mas ninguém realizou negociações específicas com representantes russos sobre esse assunto”, disse Ushakov.
Anteriormente, o presidente russo, Vladimir Putin, havia afirmado que Moscou possui o texto do plano estadunidense, mas ele ainda não foi discutido em detalhes. O presidente admitiu que esse documento poderia servir de base para um acordo final.
De acordo com o assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, as disposições do plano apresentado pelos Estados Unidos exigem uma discussão detalhada entre as partes.
“Nos foi apresentada uma versão que está de acordo com os entendimentos alcançados no Alasca. Portanto, muitas, não todas, mas muitas disposições deste plano nos parecem totalmente aceitáveis. Quanto às demais disposições, são 28 no total, e elas exigem uma discussão muito mais detalhada”, enfatizou.
No entanto, foi noticiado na imprensa que o plano de paz sobre a guerra da Ucrânia elaborado pelos EUA foi reduzido de 28 para 19 pontos como resultado de negociações nos últimos dias. A informação foi publicada pelo Financial Times, o Washington Post e a Bloomberg.
De acordo com fontes citadas pelas publicações, o conjunto final de propostas do plano para o fim da guerra ainda pode sofrer alterações.
De acordo com a Bloomberg, no final da noite de domingo (23), o plano havia sido reduzido a uma lista mais concisa de pontos-chave que permitiriam alcançar um cessar-fogo o mais rápido possível. A fonte da agência afirmou que as questões excluídas do documento na fase inicial serão abordadas posteriormente.
Em particular, a versão mais recente do documento não menciona mais o uso de ativos russos congelados para o processo de reconstrução da Ucrânia, que, segundo o plano original, seria gerenciado pelos EUA.
Já o Washington Post noticiou que a versão dos líderes da UE ao plano dos EUA para a resolução do conflito na Ucrânia, entre outras coisas, propõe não impor restrições às Forças Armadas da Ucrânia e resolver as disputas territoriais após um cessar-fogo.
Ao comentar a versão do plano de paz adaptada pela União Europeia, ao mesmo tempo, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov afirmou que Moscou tomou conhecimento das adaptações feitas pelos líderes europeus, mas as novas disposições do documento são “improdutivas”.
“Esta manhã, ficamos sabendo do plano europeu, que, à primeira vista, é completamente improdutivo e não nos convém. O Sr. [Marco] Rubio [secretário de Estado dos EUA] anunciou que as negociações em Genebra com os ucranianos foram completamente satisfatórias para o lado americano. Mas ele também disse que havia 28 pontos, e também 26 pontos. Muitas coisas. Além disso, há muita especulação; não está claro em quem acreditar. Mas acreditamos no que vimos, no que nos foi transmitido pelos canais apropriados”, concluiu.
No último domingo, Rubio, em coletiva de imprensa em Genebra, afirmou que o papel da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na resolução do conflito ucraniano ainda precisava ser discutido. Ele descreveu o plano de paz estadunidense como um documento “vivo”, em constante evolução.
Rubio também observou que havia questões controversas, particularmente em relação aos ativos russos e ao papel da UE e da Otan nas negociações de paz. O secretário de Estado explicou que essas questões seriam discutidas com os conselheiros de segurança nacional dos países europeus.



