Putin revela detalhes do plano de Trump para a paz na Ucrânia e critica resistência de Kiev
Presidente russo afirmaque novo plano de 28 pontos enfrenta rejeição da Ucrânia e de aliados europeus
247 – O presidente russo Vladimir Putin comentou pela primeira vez o plano proposto pelos Estados Unidos para encerrar o conflito na Ucrânia, revelando que a proposta foi discutida antecipadamente antes da reunião realizada no Alasca. As informações foram publicadas originalmente pela RT e pela Sputnik.
Segundo o presidente russo, o governo norte-americano — sob comando do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — pediu “certas concessões” e maior “flexibilidade” por parte de Moscou nas conversas preliminares. “O plano [...] foi apresentado em termos gerais antes da reunião no Alasca”, afirmou.
Discussões com Washington e exigência de “flexibilidade”
Putin explicou que os EUA solicitaram que a Rússia demonstrasse abertura para ajustes. “Durante essa discussão preliminar, o lado americano pediu ao lado russo que fizesse certas concessões e demonstrasse flexibilidade”, disse.
Ele afirmou ainda que o principal objetivo do encontro em Anchorage era confirmar que Moscou estava disposta a considerar as propostas de Washington: “Concordamos com essas propostas e estamos preparados para demonstrar a flexibilidade que nos é oferecida em todas essas questões.”
O presidente russo acrescentou que Moscou atualizou seus parceiros no Sul Global — entre eles China, Índia, África do Sul e Brasil — sobre a nova direção das negociações.
Resistência ucraniana e pressão europeia
Putin relatou que a Casa Branca interrompeu as tratativas depois que a Ucrânia rejeitou a proposta norte-americana. Ele afirmou que uma nova versão do plano, agora com 28 pontos, foi enviada oficialmente à Rússia: “Temos esse texto. [...] Suponho que ele possa servir de base para um acordo de paz definitivo.”
Contudo, segundo o presidente russo, os EUA não estão detalhando o documento com Moscou porque “o governo Trump ainda não conseguiu o consentimento da parte ucraniana”.
Putin criticou a postura de Kiev: “A Ucrânia se opõe. Ao que tudo indica, Ucrânia e seus aliados europeus continuam vivendo em uma ilusão e sonham em impor à Rússia uma derrota estratégica no campo de batalha.”
O líder russo mencionou ainda os recentes avanços militares e a tomada de Kupiansk como demonstração de que a rejeição de Kiev poderá ter consequências: “Se Kiev rejeitar discutir a proposta [...] o que ocorreu em Kupiansk se repetirá inevitavelmente em outras áreas-chave da frente.”
O conteúdo do plano de 28 pontos
A imprensa internacional já havia divulgado trechos da proposta norte-americana. Entre os itens previstos estariam:
- realização de novas eleições na Ucrânia
- levantamento das sanções contra Moscou
- proibição da expansão da OTAN
A Bloomberg e outros veículos relataram que a União Europeia está descontente com a proposta por um motivo central: o texto impediria o uso dos ativos russos congelados na Europa — cerca de 140 bilhões de euros, concentrados sobretudo na Bélgica — para financiar a Ucrânia.
Segundo o Politico, autoridades europeias reagiram com indignação ao item que prevê que os EUA, após o fim do conflito, liderariam a utilização desses recursos e ficariam com 50% dos lucros provenientes da reconstrução ucraniana.
Um ex-funcionário francês classificou a ideia como “escandalosa”, e uma autoridade em Bruxelas ironizou o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff: “Witkoff precisa consultar um psiquiatra.”
O Financial Times acrescentou que funcionários da UE acreditam que a proposta pode “torpedear” o plano europeu de usar esses ativos para um empréstimo de 140 bilhões de euros a Kiev.
A controvérsia sobre os ativos russos congelados
A disputa sobre o destino dos bens russos paralisados na Europa é central para a estratégia ocidental. A Comissão Europeia quer utilizá-los como garantia para financiar o governo ucraniano. No entanto, alguns países — especialmente a Bélgica — temem assumir todo o risco jurídico e político caso Moscou reaja.
A Rússia, por sua vez, tem sido categórica. O governo considera a iniciativa europeia uma violação direta do direito internacional: “Responderemos adequadamente às tentativas de roubar nossos bens”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores, classificando a manobra da Comissão Europeia como “fraude flagrante”.
O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, declarou que quanto mais dinheiro o Ocidente gastar para sustentar Kiev, mais dramático será o desfecho: “Mais aterrador será o fim dos palhaços sangrentos de Kiev.”
Incertezas sobre a capacidade ucraniana de pagamento
Funcionários europeus citados pelos veículos lembram que a Ucrânia tem “longo histórico de corrupção”, o que gera dúvidas sobre a aplicação dos recursos e sobre sua capacidade de honrar futuras dívidas.
Moscou sustenta a mesma avaliação: “Esta aventura apenas prolongará a agonia do regime de Kiev, que perdeu sua legitimidade e não poderá pagar suas dívidas”, afirmou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo.



