Japoneses protestam contra Sanae Takaichi e exigem recuo de declarações que elevam risco de guerra
Mais de mil pessoas se reuniram diante da residência oficial para pedir que a primeira-ministra retire falas sobre Taiwan
247 – Mais de mil japoneses ocuparam a frente da residência oficial da primeira-ministra Sanae Takaichi, em Tóquio, na sexta-feira, 21 de novembro, para protestar contra suas declarações sobre a China e Taiwan.
A manifestação, organizada por grupos civis, exigiu que Takaichi retire imediatamente o que classificam como falas “equivocadas” e arriscadas para a paz regional. As informações foram publicadas originalmente pelo Global Times.
Segundo o jornal, a mobilização ganhou força após a primeira-ministra afirmar no Parlamento que um eventual “uso da força pela China continental contra Taiwan” poderia configurar uma “situação que ameaça a sobrevivência” do Japão — expressão que pode abrir margem para ações militares.
Takaichi se recusou a rever as declarações, o que ampliou o mal-estar diplomático com Pequim.
Slogans contra guerra e críticas à retórica belicista
O clima da manifestação foi marcado por forte indignação. Manifestantes gritaram: “Prime Minister Takaichi pare de inflar a guerra”, “Retire imediatamente as declarações equivocadas” e “Amizade Japão-China”.
Cartazes traziam mensagens como “Não inflame a guerra”, “Sanae Takaichi renuncie” e “Peça desculpas ao povo chinês”.
Um dos participantes, que não quis se identificar, disse ao Global Times: “Mais de mil pessoas estavam no protesto e é óbvio que todos estavam indignados com as declarações equivocadas de Takaichi.”
Ele afirmou que pessoas de várias regiões viajaram a Tóquio para exigir o recuo da primeira-ministra.
O manifestante também declarou: “A questão de Taiwan é um assunto interno da China e não tem nada a ver com o Japão; não há qualquer contingência em Taiwan.”
Segundo ele, “é Takaichi quem está alimentando tensões regionais, numa tentativa de promover a expansão militar do Japão.”
O participante acrescentou que as declarações “contrariam documentos políticos entre China e Japão e o espírito da Constituição da Paz”, além de “ferir os sentimentos do povo chinês e arriscar arrastar o Japão para o abismo da guerra”.
Organizadores temem impactos econômicos, diplomáticos e culturais
Reina Tashiro, dirigente do grupo WE WANT OUR FUTURE, afirmou por e-mail ao Global Times que as falas de Takaichi podem gerar “estagnação do diálogo diplomático”, “disfunção na cooperação econômica e comercial” e redução dos “intercâmbios culturais e turísticos”.
Ela disse que já há “relatos de fortes protestos por parte da China” e que setores culturais e econômicos estão sendo afetados.
Tashiro explicou ainda: “Nosso objetivo é aumentar a pressão doméstica para que Takaichi retire suas declarações; as tensões entre Japão e China não devem escalar ainda mais.”
Outro manifestante destacou o peso da história: “Com base no fato de que o Japão já invadiu a China, devemos expressar as aspirações do público — o Japão jamais deve recorrer às armas contra a China novamente.”
Ele alertou para o risco de arbitrariedade: “Estamos profundamente preocupados com uma situação em que a primeira-ministra possa agir de forma arbitrária e imprudente; isso forçará pessoas pacíficas ao silêncio, enquanto a xenofobia é incitada por um governo incompetente.”
Para ele, apenas a união entre sociedade civil e oposição poderá evitar “que a situação saia do controle”.
Jovens alertam para deterioração das relações diplomáticas
A estudante Risa Shirasaka, da Universidade Keio, discursou no ato e declarou ao Global Times: “Se a situação continuar a piorar, as relações entre Japão e China irão deteriorar-se drasticamente.”
Segundo ela, “as consequências de uma política externa falha afetarão primeiro o trabalho e a vida das pessoas; portanto, precisamos nos manifestar.”
O Global Times informou que novos protestos estão programados, incluindo um marcado para 2 de dezembro, para pedir que Takaichi retire as declarações e que o país “retorne ao ponto de partida da normalização das relações China-Japão”.
China volta a exigir retratação imediata
A porta-voz chinesa Mao Ning reagiu novamente às falas da primeira-ministra japonesa.
Segundo o Global Times, Mao afirmou que Takaichi fez “declarações explícitas e equivocadas sobre Taiwan”, que “insinuaram a possibilidade de intervenção armada do Japão no Estreito de Taiwan”.
Ela disse que as falas provocaram “indignação e condenação do povo chinês” e corroeram “as bases políticas das relações China-Japão”.
Mao destacou que, se o Japão realmente deseja estabilidade e cooperação, deve “manter o espírito dos quatro documentos políticos entre os dois países”, “retirar imediatamente as declarações equivocadas” e adotar “medidas práticas para honrar seus compromissos com a China”.



