Editorial do Global Times afirma que Japão sofrerá consequências mais graves caso não reverta posição
Japão é advertido pela China após declarações de Sanae Takaichi sobre Taiwan
247 – A tensão diplomática entre China e Japão voltou a ganhar intensidade após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre a questão de Taiwan. A análise foi publicada em um editorial do Global Times, ligado ao governo chinês, e serve como um alerta explícito sobre os riscos de deterioração das relações bilaterais. A matéria original foi publicada pelo Global Times.
Segundo o editorial, já se passaram quase duas semanas desde as “declarações errôneas” de Takaichi, mas “o impacto negativo e as sérias repercussões sobre as relações China-Japão continuam a se desenrolar”. O jornal lamenta que “a liderança japonesa não tenha demonstrado a responsabilidade política necessária para corrigir claramente suas afirmações”.
China endurece o discurso e diz não haver espaço para concessões
O texto sublinha que a posição chinesa foi comunicada ao Japão “por múltiplos canais”, ressaltando que “não há espaço para compromisso ou concessão” quando se trata da questão de Taiwan. O editorial adverte:
“Se o Japão insistir teimosamente em seguir seu próprio caminho, se recusar a retratar seus comentários errôneos ou até mesmo adotar comportamento provocativo, a China tem plena justificativa e necessidade de tomar contramedidas adicionais e mais fortes.”
Para o Global Times, o governo de Takaichi tenta administrar a crise enviando diplomatas e parlamentares para oferecer “supostas clarificações”, enquanto evita enfrentar o “problema fundamental” das declarações originais. Essa postura, afirma o texto, reflete uma “ilusão ingênua e extremamente perigosa” de que a crise poderia “aterrar suavemente” sem consequências.
Impactos econômicos já são sentidos no Japão, diz editorial
O editorial descreve efeitos econômicos e sociais imediatos no Japão. Em suas palavras:
“Várias atividades de intercâmbio China-Japão foram canceladas. Uma agência de viagens em Tóquio relatou perda de 80% das reservas para este ano. Os mercados de ações e títulos do Japão registraram quedas acentuadas.”
Além disso, economistas japoneses citados no texto alertam que as tensões podem reduzir o PIB do país em 0,29% em apenas um ano.
Segundo o texto, tais consequências recaem diretamente sobre cidadãos e pequenos negócios — setores que, afirma o jornal, “certamente não desejam ver” uma escalada gerada por declarações políticas.
China afirma que Japão não está apto a integrar o Conselho de Segurança
As críticas chinesas também ganharam espaço em organismos multilaterais. O editorial recorda declarações do embaixador Fu Cong, representante permanente da China na ONU, que afirmou na Assembleia Geral que o Japão “não está qualificado” para buscar assento permanente no Conselho de Segurança.
No mesmo tom, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse:
“As declarações errôneas da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre Taiwan interferem grosseiramente nos assuntos internos da China, atropelam o direito internacional e os princípios básicos das relações internacionais, e desafiam a ordem internacional do pós-Segunda Guerra Mundial. Um país assim não está em posição de assumir a responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais.”
China suspende importações de frutos do mar japoneses e diz que este é apenas um sinal
O texto lembra que a China suspendeu importações de frutos do mar do Japão porque Tóquio “ainda não entregou os materiais técnicos prometidos”. Segundo o editorial, essa medida representa apenas um primeiro alerta.
“China não deseja ver mais danos às relações bilaterais (...) mas amizade e expectativas vêm acompanhadas de princípios e linhas vermelhas.”
O Global Times afirma que os dois países são “vizinhos próximos, com amplo espaço para cooperação”, e que o povo chinês valoriza a paz — sobretudo por sua história de invasões estrangeiras. No entanto, insiste que o Japão deve “parar antes do precipício” e “reverter imediatamente seus comentários errôneos”.
Para Pequim, politização da questão de Taiwan arrasta o Japão a conflitos desnecessários
O editorial ressalta que a tentativa japonesa de tratar Taiwan como um tema de “ameaça existencial” para si próprio viola o fundamento político das relações sino-japonesas e “arrasta o Japão para conflitos geopolíticos que não deveria carregar”.
Segundo o texto, uma vez ultrapassada a linha vermelha chinesa, “o custo inevitavelmente recairá sobre o lado japonês”.
Conclusão do editorial: responsabilidade exige correção imediata
Encerrando o editorial, o Global Times reforça que apenas uma ação de Takaichi seria eficaz para estancar a crise:
“O passo mais direto e eficaz é que Takaichi retrate seus comentários errôneos o mais rápido possível, pare de provocar em assuntos relacionados à China e tome ações concretas para reconhecer e corrigir seus erros.”
E conclui com um aviso:
“Aqueles que brincam com fogo inevitavelmente sofrerão consequências ainda mais severas.”




