Tiroteio que matou soldados da Guarda Nacional perto da Casa Branca mobiliza investigação do FBI
Agentes investigam ataque que deixou dois militares gravemente feridos e levou o governo dos EUA a suspender processos de imigração afegã
247 - Um ataque a tiros contra dois integrantes da Guarda Nacional dos EUA, ocorrido a poucos quarteirões da Casa Branca, levou o FBI a abrir uma investigação para esclarecer o que motivou a ação, descrita pelas autoridades como uma emboscada na véspera do feriado de Ação de Graças. O episódio aconteceu na tarde de quarta-feira (26), quando os militares participavam de uma operação de patrulhamento reforçado ordenada meses atrás pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os dois soldados ficaram gravemente feridos e foram hospitalizados em estado crítico. O suspeito, identificado pelo Departamento de Segurança Interna como Rahmanullah Lakanwal, um cidadão afegão, foi baleado durante a troca de tiros e preso em seguida. Segundo o DHS, ele chegou aos EUA em 2021 por meio da Operação Allies Welcome, criada no governo Joe Biden para reassentar afegãos que colaboraram com as forças americanas durante a guerra no Afeganistão.
A NBC News informou, com base no relato de um parente não identificado, que Lakanwal serviu por dez anos no Exército afegão ao lado de tropas das Forças Especiais dos EUA, incluindo um período em Kandahar. O mesmo parente contou que, na última vez em que conversaram, Lakanwal trabalhava para a Amazon. Não há registros de antecedentes criminais.
Um funcionário do governo Trump, sob anonimato, afirmou que o suspeito solicitou asilo em dezembro de 2024 e teve o pedido aprovado em abril deste ano, três meses após a posse do presidente. Lakanwal, de 29 anos, morava no estado de Washington.
Após o ataque, Donald Trump divulgou um pronunciamento em vídeo, classificando o tiroteio como “um ato de maldade, um ato de ódio e um ato de terror”. Ele também declarou que sua administração “reexaminaria” todos os afegãos que entraram nos EUA durante o governo Biden. Em seguida, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA suspendeu indefinidamente o processamento de pedidos de imigração de cidadãos afegãos para revisar protocolos de segurança.
A secretária de Defesa, Pete Hegseth, informou que o presidente solicitou o envio de mais 500 integrantes da Guarda Nacional para reforçar o contingente já mobilizado na capital. O vice-presidente JD Vance defendeu publicamente a política migratória do governo, afirmando que o episódio comprova sua necessidade. “Devemos redobrar nossos esforços para deportar pessoas que não têm direito de estar em nosso país”, escreveu na plataforma X.
A ação voltou a acentuar críticas à política de imigração da administração Trump, acusada de empregar medidas excessivamente rigorosas e atingir imigrantes sem histórico criminal. A prefeita de Washington, Muriel Bowser, classificou o caso como “um ataque direcionado”, enquanto Jeff Carroll, chefe adjunto da Polícia Metropolitana, afirmou que os dois soldados foram “emboscados” e que tudo indica que o suspeito agiu sozinho.
O envio de tropas federais para a capital, determinado por Trump em agosto, já vinha sendo questionado judicialmente. Na semana anterior ao ataque, uma juíza federal decidiu suspender temporariamente o emprego da Guarda Nacional em funções de aplicação da lei sem autorização da prefeitura, mas adiou os efeitos da medida para dezembro, permitindo que o governo recorresse.
O episódio, ocorrido no centro do poder político dos EUA, reacendeu o debate sobre segurança pública, imigração e o uso de forças militares federais em cidades administradas por opositores do presidente.



