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Trump enfrenta queda recorde na aprovação popular

Levantamento do The Economist mostra deterioração acelerada da imagem do presidente, com piora em todos os grupos demográficos

O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca - 26/02/2025 (Foto: REUTERS/Brian Snyder)

247 – A aprovação do presidente Donald Trump, reeleito para um segundo mandato, vem caindo em ritmo considerado sem precedentes na política norte-americana. A avaliação aparece em levantamento do The Economist, com base em dados da YouGov, publicado nesta sexta-feira (14/11/2025).

Segundo a publicação, cuja análise completa está disponível no site do The Economist, Trump registra hoje um índice de aprovação líquida de -18 pontos, o pior desde que retornou ao cargo. O dado é três pontos inferior ao pior momento de seu primeiro mandato, marcando a queda mais acelerada de popularidade de um presidente moderno após o fim do breve “período de lua de mel” pós-eleição.

Desgaste atinge temas centrais do discurso trumpista

Mesmo nas áreas que formam o núcleo de sua plataforma política, o presidente enfrenta rejeição. O The Economist destaca que a aprovação líquida da política de imigração é de -7, enquanto sua condução da inflação e dos preços chega a -33, revelando frustração generalizada com promessas de campanha não cumpridas.

Durante a campanha que o reconduziu à Casa Branca, Trump havia afirmado que “incomes will skyrocket, inflation will vanish completely, jobs will come roaring back and the middle class will prosper like never, ever before”. Até agora, porém, essas expectativas não se confirmaram.

A revista lembra que, logo após a posse, a avaliação sobre economia e inflação chegou a ficar positiva, mas o cenário se reverteu rapidamente após declarações de guerra comercial feitas pelo presidente e da reação negativa dos investidores.

Jovens, negros e hispânicos lideram rejeição

Um dos dados mais expressivos da pesquisa é a mudança radical entre os eleitores com menos de 30 anos. Quando Trump reassumiu o cargo, esse grupo registrava aprovação líquida de +3 pontos. Agora, despencou para -41.

Os índices entre eleitores hispânicos e negros, já negativos no início do mandato, também pioraram. Mesmo entre brancos, grupo historicamente mais alinhado ao Partido Republicano, a avaliação positiva de +16 registrada em janeiro virou levemente negativa.

Segundo o estudo, o padrão segue tendências já vistas em disputas anteriores: homens e eleitores brancos ainda são os que mais aprovam Trump, enquanto jovens, minorias étnicas e pessoas com maior escolaridade figuram entre os mais críticos.

Aprovação cai em quase todos os estados

O The Economist também analisou a aprovação do presidente por estado. O resultado é preocupante para os republicanos: todos os estados, exceto Idaho, registraram movimento negativo na aprovação de Trump desde o início do mandato.

O caso mais dramático é Oklahoma, que passou de +27 pontos para -7 — uma virada expressiva em um dos estados mais conservadores do país.

Embora o presidente ainda mantenha força considerável nos estados que tradicionalmente votam no Partido Republicano, a publicação ressalta que a insatisfação é disseminada, inclusive em regiões onde Trump venceu com folga há poucos meses. O cenário acende alertas internos sobre o impacto para as eleições legislativas do ano que vem.

Prioridades partidárias e mudanças na opinião pública

A análise do The Economist lembra que fatores históricos moldam o comportamento político. Ao citar Karl Marx — “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem” —, a publicação afirma que o mesmo se aplica ao presidente Trump.

No primeiro mandato, a opinião pública foi dominada pela crise de saúde provocada pela covid-19. Já durante o governo Biden, a inflação ganhou centralidade após a pandemia e a guerra na Ucrânia. Hoje, temas como economia, imigração, saúde, clima e segurança nacional continuam polarizando republicanos e democratas, conforme mostram os dados semanais da YouGov compilados desde 2017.

Democratas priorizam saúde e clima; republicanos focam imigração e gastos

O levantamento detalha ainda como cada grupo partidário hierarquiza problemas nacionais: – Republicanos: imigração, impostos e gastos do governo; – Democratas: saúde pública e mudanças climáticas; – Eleitores em geral: economia permanece no topo, refletindo a frustração com os resultados dos primeiros meses do novo mandato de Trump.

Conclusão da análise

A combinação de expectativas elevadas, promessas econômicas ambiciosas e decisões abruptas — como a retórica de guerra comercial — alimentou uma deterioração acelerada da imagem do presidente Donald Trump. Seu núcleo duro permanece fiel, mas a rejeição crescente em setores-chave do eleitorado e em estados tradicionalmente republicanos cria um cenário desfavorável para o Partido Republicano às vésperas das eleições de meio de mandato.

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