WEG amplia foco no consumidor e investe em casas e mobilidade elétrica
Empresa catarinense aposta em soluções integradas para ganhar visibilidade fora do mercado industrial
247 - A WEG, tradicionalmente reconhecida como uma gigante dos bastidores da indústria, iniciou um movimento estratégico para se aproximar do consumidor final. A companhia catarinense vem ampliando sua atuação em soluções completas voltadas ao uso residencial, à mobilidade elétrica e à transição energética, buscando tornar sua marca mais presente no cotidiano das pessoas e reduzir o anonimato junto ao público em geral.
Entre as maiores empresas listadas na B3, com valor de mercado superior a R$ 200 bilhões, a WEG passou décadas com atuação concentrada no fornecimento de equipamentos e sistemas para outras empresas. Agora, ao mirar diretamente o consumidor final, a companhia abre novas frentes de crescimento e reforça sua presença em segmentos tradicionalmente associados ao mercado B2C.
“A WEG é uma empresa B2B [que vende produtos ou serviços para outras empresas]. Se o consumidor não pesquisar, ele nem vai saber quem é a WEG, pois é uma empresa que sempre esteve nos bastidores, mas dificilmente uma pessoa não tenha algo feito pela WEG em casa”, afirmou o CEO da companhia, Alberto Kuba. Segundo ele, a mudança de foco não implica abandono do DNA industrial, mas uma ampliação do alcance das soluções desenvolvidas pela empresa.
O avanço ocorre em um cenário de crescimento do mercado de casas conectadas, no qual sistemas elétricos, telecomunicações, automação e gestão de energia passam a operar de forma integrada. Nesse modelo de “smart home”, a residência deixa de ser apenas uma consumidora passiva de energia e passa a interagir com a rede elétrica, com veículos elétricos e com sistemas digitais de controle.
Entre as apostas estão soluções que permitem tanto o carregamento de veículos elétricos a partir da rede quanto o uso da energia armazenada nas baterias dos carros para abastecer residências em períodos de tarifa mais elevada ou em situações de falta de energia. Essa tecnologia, conhecida como inversão de fluxo, já é aplicada em países como a China, onde veículos conectados à rede ajudam a suprir a demanda nos horários de pico.
Segundo Kuba, esse tipo de sistema tem potencial para transformar profundamente a forma como a energia é consumida e distribuída. A mobilidade elétrica passa a integrar a lógica do sistema energético doméstico e urbano, ampliando o papel dos veículos além do transporte.
Além da mobilidade elétrica, a WEG vem fortalecendo sua atuação no segmento de automação residencial. O portfólio inclui sistemas de controle de acesso com reconhecimento facial, soluções de monitoramento, câmeras, interruptores inteligentes e outros dispositivos voltados à gestão integrada da residência. A estratégia é oferecer um ecossistema completo, percebido pelo consumidor como uma solução única.
Historicamente, o crescimento da WEG foi impulsionado por fusões e aquisições concentradas em negócios industriais maduros, como motores elétricos. Apenas em 2024, a empresa investiu cerca de US$ 500 milhões nesse segmento. Agora, o movimento começa a incluir ativos mais próximos do usuário final, ainda que de forma gradual.
“Nós não devemos ser tão arrojados. A estratégia consiste em pequenas aquisições para testar tecnologias e depois escalar”, explicou o executivo. Um dos exemplos citados foi a compra do controle da Tupi Mob (Tupinambá Energia), por R$ 38 milhões, que garantiu à WEG acesso direto a uma base de cerca de 400 mil usuários, público ao qual a empresa não tinha contato direto até então.
“Nos últimos três anos, estamos indo muito no residencial”, disse Kuba. Para sustentar essa estratégia, a companhia também aposta em integradores, responsáveis pela instalação dos sistemas elétricos, passagem de cabos, instalação dos equipamentos e, em alguns casos, pela gestão da cobrança de energia. Esses parceiros funcionam como elo entre a tecnologia desenvolvida pela empresa e o consumidor final.
A diversificação, segundo o CEO, é um plano permanente. Embora os motores elétricos sigam como a principal linha de negócios da WEG, sua relevância relativa tende a diminuir. “A principal linha de negócios da empresa continua sendo motores elétricos, mas está cada vez menor. Como alcançamos a primeira posição mundial em 2025, a oportunidade de crescimento fica cada vez menor”, afirmou.



