Lula e Trump devem conversar por telefone ou videoconferência na próxima semana, afirma chanceler
Mauro Vieira destacou que a pauta pode incluir tarifas comerciais, mas reforçou que soberania e independência dos poderes não estão em discussão
247 – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta terça-feira (23), em Nova York, que a primeira reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, deverá acontecer de forma remota, por telefone ou videoconferência. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e também confirmada em entrevista do chanceler à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional.
Segundo Vieira, o encontro foi sugerido por Lula após um rápido cumprimento de cerca de 20 segundos nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. O aperto de mãos entre os dois presidentes marcou o primeiro contato direto entre eles. Na ocasião, Trump afirmou ter gostado de Lula e destacou que a “química” foi “excelente”.
“Eles [Lula e Trump] nunca haviam se encontrado. Hoje, tiveram a oportunidade de apertarem as mãos e trocarem umas poucas palavras por 15 ou 20 segundos. O presidente Lula estava deixando o palco e encontrou o presidente Trump nos bastidores. É verdade, o presidente Lula disse que eles deveriam se encontrar e conversar. Espero que os presidentes possam conversar. O presidente Lula está sempre pronto para conversar com qualquer chefe de Estado que seja do interesse do Brasil e, neste caso, isso pode acontecer também por um telefonema ou videoconferência”, afirmou Mauro Vieira.
Comércio em pauta
Vieira ressaltou que o Brasil está aberto a discutir temas de interesse comercial, mas sem abrir mão de princípios fundamentais.
“Estamos prontos para negociar a questão das tarifas. Embora elas sejam ilegais, não estejam na estrutura dos acordos da OMC, estamos prontos para discuti-las. A única coisa que não podemos discutir é a soberania, a separação entre Poderes”, declarou.
O chanceler enfatizou que “o Brasil é um país de negociação” e que a diplomacia brasileira sempre buscará o diálogo, desde que respeitados os limites da Constituição e da independência entre os poderes.
Significado político
A aproximação entre Lula e Trump, mesmo que virtual, pode abrir espaço para a redução de atritos no comércio bilateral e para a construção de uma agenda de cooperação econômica. O gesto ganha peso por ocorrer logo após a Assembleia da ONU, em um momento de intensos debates sobre tarifas e barreiras comerciais.



