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Motta diz que relação com o governo termina 2025 “estabilizada”

Presidente da Câmara afirma manter respeito mútuo com Lula e diz que divergências ao longo do ano foram superadas com diálogo institucional

Hugo Motta (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliou que a relação entre o Legislativo e o governo federal chega ao fim de 2025 em um patamar de estabilidade, apesar dos atritos registrados ao longo do ano. Segundo ele, o cenário abre espaço para uma retomada mais intensa do diálogo em 2026, com o objetivo de superar divergências e fortalecer a articulação institucional entre os Poderes.

Na ocasião, Motta destacou que manteve contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante todo o período e negou qualquer ruptura pessoal ou institucional. “Nunca se perdeu o respeito [com o presidente]”, afirmou.

Ao fazer um balanço do ano político, o deputado paraibano avaliou que os embates registrados entre o Congresso e o Planalto não inviabilizaram a cooperação. “A relação, na minha avaliação, termina o ano estabilizada. Termina o ano com uma perspectiva de que entremos em 2026 conversando mais, dialogando mais e superando as divergências que aconteceram ao longo do ano”, declarou.

Nos bastidores, aliados de Motta interpretaram que houve um movimento articulado de setores da base governista para desgastar a imagem do presidente da Câmara, especialmente após a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do Projeto de Lei Antifacção. Derrite é opositor do governo e ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, o que gerou críticas de parlamentares governistas.

A indicação do relator partiu do próprio Motta, que participou diretamente das negociações para viabilizar a tramitação do projeto. Naquele contexto, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a classificar o texto da proposta como uma “lambança legislativa”. Pouco antes, o presidente da Câmara também havia declarado publicamente o rompimento político com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ).

Apesar do histórico recente de tensões, Motta afirmou que os conflitos foram superados na reta final de 2025. Ele citou a aprovação de uma série de projetos de interesse do Executivo como evidência de que a Câmara manteve uma postura colaborativa. “A Câmara colaborou muito. Tivemos um cuidado de manter um diálogo — até mesmo quando a gente divergia. Nunca deixamos de conversar. Como todas as relações das nossas vidas, temos altos e baixos. Isso é natural porque cada Poder tem sua independência”, disse.

O presidente da Casa reforçou que a relação com o governo seguirá baseada na interlocução institucional. “Temos uma relação de diálogo, vamos seguir dessa forma. Melhorar propostas e o que vem do Executivo. Os Poderes são independentes e temos que lutar que sejam harmônicos”, acrescentou.

Motta também comentou a recente mudança no comando do Ministério do Turismo. Gustavo Feliciano foi indicado pela bancada governista do União Brasil para substituir Celso Sabino, expulso da legenda, em uma articulação política voltada a reforçar a fidelidade do partido à base do governo Lula no Congresso. Ex-secretário de Turismo da Paraíba, Feliciano, segundo Motta, pode contribuir para melhorar a interlocução do Planalto com os parlamentares.

“A questão da nomeação do Gustavo Feliciano se deu por construção política de uma parte da bancada do União Brasil, que deseja continuar participando da governabilidade. Foi decisão de parte da bancada”, afirmou. Em seguida, acrescentou: “O que pude dizer é que conheço ele, tenho uma relação muito boa. Pude dar meu testemunho favorável. Vai ajudar o governo. Acho que o presidente foi feliz”.

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